domingo, 22 de fevereiro de 2015

SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO

 Apresentação da Disciplina "Sociologia e Educação"


Disciplina do primeiro semestre do curso de Pedagogia, administrada nos dias de terça-feira, nos horários de 07:30h às 10:00h e de 10:15h às 11:05h, pelo grande professor Valdélio Santos Silva.

A disciplina foi avaliada em três unidades: 

.  1ª avaliação:escolher um dos textos lidos e discutidos em sala de aula, fazer e entregar uma resenha, individual, no máximo 3 páginas digitadas.
Escolhi o texto: A Sociologia de Durkheim.

. 2ª avaliação: fazer e  entregar por escrito no máximo 10 páginas digitadas e em grupo, a questão: Qual a contribuição  da Sociologia para a educação no Brasil?

. 3ª avaliação : apresentar em seminário um trabalho em grupo sobre um dos temas estudados e discutidos em sala de aula ou outro de livre escolha. O tema escolhido pelo meu grupo foi:Educação e Racismo.

Em 29 de março de 2011, uma terça-feira, iniciamos a disciplina fazendo a leitura e discussão de alguns textos como: A  Sociologia;  Sociologia como ciência, de Florestan Fernandes; "A herança intelectual da Sociologia", de Florestan Fernandes; "A Sociologia como passatempo individual", de Peter Berger; A sociologia como forma de consciência", de Peter Berger; A Sociologia de Durkheim" de Durkheim; "A Sociologia sob uma perspectiva histórica" de Max Weber; "Karl Marx e a História da Exploração do Homem", de Karl Marx.



A Sociologia utiliza-se de instrumentos da História, Geografia, Filosofia, Antropologia, Psicologia entre outras ciências.

A Sociologia enxerga além das aparências, do senso comum, ou a partir dele. Cabe também a ela "desnaturalizar" o que para todos parece natural.

A Sociologia observa também, a realidade social, estuda as relações estabelecidas entre os seres humanos e a sua interdependência  .

A sociedade cria relações que se tornam constantes, cotidianas, comuns, frequentes entre as pessoas e, ao estranhá-las, tornam-se eficazes instrumentos para análise sociológica.

O objeto da Sociologia e das Ciências Sociais é peculiar comparado ao das Ciências Naturais, que criam leis fixas e imutáveis, verificáveis em todo lugar.

Max Weber (1864-1920) - Um dos fundadores da  Sociologia. Professor universitário e fundador da Associação alemã de Sociologia. Suas mais famosas obras são: A ética protestante e o espírito do capitalismo; Economia e sociedade.

Sociologia como ciência - segundo Florestan Fernandes, a Sociologia não se limita ao estudo das condições de existência social dos homens, ela se preocupa, do ponto de vista científico à observação e à explicação dos fenômenos sociais. O homem sempre foi o principal objeto da curiosidade humana.   

A sociologia nasce  e se desenvolve como um dos florescimentos intelectuais mais complicados das situações da existência nas modernas sociedades industriais e de classes.

Os pioneiros e fundadores da Sociologia se caracterizam menos pelo exercício de atividades intelectuais, socialmente diferenciadas, que pela participação mais ou menos ativa das grandes correntes de opinião dominantes na época, seja no terreno da reflexão ou da propagação de ideias, seja no terreno da ação.


Texto para discussão em sala em 05/04/2011:
"A herança intelectual da Sociologia" de Florestan Fernandes.
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Roteiro de discussão do texto: A herança intelectual da Sociologia

1. Por que o autor afirma que não se pode separar a história do surgimento da Sociologia?

Para Florestan Fernandes, a Sociologia nasce de forma cultural e se desenvolve como ciência. Segundo o autor, a história faz o homem e o homem faz a história. Por essa razão, não se pode separar a história do surgimento da Sociologia.

2. Discutam a explicação sociológica: a vida em sociedade está submetida a uma ordem criada por fatores e condições da vida social.

A vida em sociedade está submetida a uma ordem criada por fatores e condições da vida social, pois existem regras e normas a que o homem se submete a viver em sociedade. Ao longo do tempo, o homem vai se adaptando, se ajustando aos fatores e condições sociais. As instituições (a família, a escola, a Igreja) ensinam ao homem a viver em sociedade. Toda sociedade é passiva de transformações.

3. Por que a Sociologia de Comte e de Marx foram consideradas "ciências aplicadas"?

Porque eles estavam interessados em uma ciência prática, essencialmente aplicada. Por exemplo, Direito. Quem estuda, estuda as leis a serem aplicadas teoricamente.


4. Por que Comte não se preocupou em elaborar técnicas e métodos de pesquisa?

Por que seu interesse era pelas descobertas das ciências e por suas aplicações.

5. Discutam por que os fundadores da Sociologia procuram explicar  "a natureza e as formas da existência humana em sociedade".

Segundo eles,  a natureza humana só poderia ser  conhecida e aplicada sociologicamente como parte de um sistema.
6. Qual é o centro da argumentação do autor?  

A tarefa da Sociologia é  estudar os fenômenos sociológicos

Próximo Texto para discussão em 12/04/2011: A  Sociologia como passatempo individual

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Roteiro de discussão do texto: A  Sociologia como passatempo individual

Com base na leitura do texto de Peter Berger " A Sociologia como passatempo individual" discutir a pertinência e o significado das imagens criadas sobre o ofício do sociólogo.

1. O indivíduo que gosta "de trabalhar com gente".

Esse indivíduo imagina trabalhar com gente no campo da assistência social, isto é, prefere trabalhar com pessoas  e não com coisas. Entre as ocupações desse sociólogo, temos:trabalho com pessoal de empresas;relações humanas na indústria; relações públicas; publicidade; planejamento comunitário ou trabalho religioso como leigo. O pressuposto é que em todas essas atividades, seja possível "fazer alguma coisa pelas pessoas", "ajudar pessoas", "executar um trabalho que seja útil para a comunidade".

Resumindo: O sociólogo é visto como uma pessoa empenhada profissionalmente em atividades edificantes para benefício de indivíduos e da comunidade em geral.


2. A imagem do sociólogo "como uma espécie de teórico do serviço social".

É compreensível a imagem desse sociólogo, pelo menos pela Sociologia americana, cujos assistentes sociais confrontam enormes problemas decorrentes da revolução industrial, a rápida expansão das cidades e dos cortiços, a imigração em massa, os deslocamentos populacionais, o rompimento dos costumes tradicionais e o resultante desnorteamento das pessoas envolvidas no processo. Tais preocupações conduziram a grande volume de pesquisa sociológica, por isso, é muito frequente o estudo dedicado ao serviço social. 

O serviço social, qualquer que seja sua base teórica, constitui uma certa ação na sociedade. A Sociologia não é uma ação e sim, uma tentativa de compreensão.

3. O sociólogo como "reformador social".

O sociólogo como reformador social desempenha o papel de árbitro de todos os ramos do saber, benéficos ao homem. Em certas ocasiões, conceitos sociológicos  servem para melhorar a sorte de grupos de seres humanos, seja, revelando condições chocantes, destruindo ilusões coletivas ou demonstrando que resultados socialmente convenientes poderiam ser obtidos de maneira mais humanitária. Admite-se que um sociólogo pode  às vezes ser convocado para assessorar a modificação de certas condições sociais tidas como inconvenientes. Mas a imagem do sociólogo como reformador social é tão falsa quanto sua imagem como assistente social.


4. O sociólogo "como coletor de estatística sobre comportamento humano".

Nesse caso, o sociólogo é encarado essencialmente como um ajudantes de ordens de um computador IBM. Ele sai às ruas com um questionário, entrevista  pessoas colhidas ao acaso, volta para casa, registra suas verificações numa pilha de cartões perfurados e depois os introduz numa máquina. Nesta im,agem, está implícita a ideia de que os resultados de todos esses esforços são mínimos, uma reiteração formalista daquilo que todo o mundo já sabe. 

Como os métodos utilizados na pesquisa de opinião pública apresenta semelhança com a pesquisa sociológica, é compreensível o surgimento dessa imagem do sociólogo.

5. O sociólogo "como um homem ocupado fundamentalmente em criar uma metodologia científica".

Com muita frequência, esta é a imagem que têm dos sociólogos, as pessosas que se dedicam às Humanidades, sendo apresentada como prova de que a Sociologia é uma forma de barbarismo intelectual.

O sociólogo como um homem ocupada fundamentalmente em criar uma metodologia  científica para que ele possa mais tarde aplicar aos fenômenops humanos.
 
6. O "sociólogo como um observador impessoal e sardônico, um frio manipulador de homens".

Essa imagem representa um irônico triunfo dos esforços do sociólogo, no sentido de ser aceito como um verdadeiro cientista. Nessa imagem o sociólogo torna-se o homem superior por indicação própria, buscando prazer em avaliar as vidas alheias, classificando-as em categorias mesquinhas, e assim, presumivelmente deixando de apresentar o significado real daquilo que observa.

O sociólogo não pode ficar preso à metodologia abrangente a todos os assuntos. O sociólogo poderá estar interessado em muitas outras coisas, mas o seu interesse dominante será o mundo dos homens, suas instituições, sua história, suas paixões. Ele se interessa naturalmente pelos fatos que cativam as convicções supremas, dos homens, seus momentos de tragédia, de grandeza e de êxtase.


Comentários sobre "tipo ideal de sociólogo" de acordo com Peter Berger.

O sociólogo "se ocupa em compreender a sociedade de uma maneira disciplinada". 

O sociólogo é uma pessoa "desavergonhada interessada nos atos dos homens".

As perguntas que interessam ao sociólogo: "O que as pessoas estão fazendo, umas com as outras aqui?  Quais são as relações entre elas? Como essas relações se organizam em instituições? Quais são as ideias coletivas que movem os homens e as instituições?"

O "fascínio da sociologia está no fato de que sua perspectiva nos leva a ver sob nova luz o próprio mundo em que vivemos".

A "sociologia se assemelha mais a uma paixão".

O "bom sociólogo é um homem interessado em outras terras, aberto interiormente à riqueza incomensurável das possibilidades humanas, sequioso de novos horizontes e novos mundos de significado humano".
Próximo Texto para discussão em 19/04/2011: A  sociologia como forma de consciência
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A partir da leitura do envolvente texto de Peter Berger, "A  sociologia como forma de consciência" foi feita uma discussão em sala de aula, refletindo sobre as questões a seguir:

1. O que significa o conceito de sociedade para a sociologia? 

Para o sociólogo "sociedade" designa um grande complexo de relações humanas ou um sistema de interação. O sociólogo pode referir-se a uma sociedade que compreenda milhões de seres humanos, por exemplo, a sociedade norte-americana, assim como também, pode usar o termo para referir-se a um coletividade muito menor, por exemplo, a sociedade de calouros dessa universidade. Duas pessoas conversando numa esquina, dificilmente formarão uma sociedade, mas três pessoas abandonadas numa ilha, sim.

2. O sentido de social é empregado pela sociologia para definir: interação, inter-relação e reciprocidade. O que querem dizer esses conceitos?

Interação - ação recíproca; ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais pessoas. 
Inter-relação - relação mútua. 
Reciprocidade - mutualidade. Os três termos referem-se à mutualidade.

3. O que Berger quer dizer quando afirma que para o "advogado, o essencial consiste em saber como a lei considera certo tipo de criminoso; para o sociólogo, é igualmente importante ver como o criminoso considera a lei?

O advogado seleciona os aspectos que são pertinentes a seu particularíssimo quadro de referência. Ele só se ocupa daquilo que se poderia chamar de concepção oficial da situação. A habilidade do advogado consiste em conhecer as normas mediante as quais os modelos de atividade humana são construídos. Já o sociólogo, se interessa em olhar além das metas de ações humanas comumente aceitas, ou oficialmente definidas.

4. O que significa a perspectiva sociológica expressa na frase "olhar por trás dos bastidores"? É possível mostrar em nossa experiência de que maneira esse exemplo se encaixa?

A perspectiva sociológica envolve um processo de ver além das fachadas das estruturas sociais. A exemplo disso, as fachadas das casas nada nos podem dizer; vistas de fora, assemelham-se a todas as outras de determinada rua. Por trás das fachadas há o mistério de várias atividades humanas, que podem ser: u,a cena de doença ou morte; uma reunião de família; uma cena de violência; etc.

5. Como pode-se analisar a afirmação do autor de que "a flecha do Cupido parece ser teleguiada com bastante segurança para canais bem definido de classe, renda, educação e antecedentes raciais e religiosos"?

Na maioria dos casos não é tanto a emoção do amor que cria certo tipo de relação, mas o contrário: relações pré-definidas, cuidadosamente, muitas vezes planejadas, por fim, geram emoção desejada. O sociólogo que investigar nossos padrões de "corte" e casamento, descobrirá uma complexa trama de motivação selecionada a toda instrução dentro da qual o indivíduo vive: classe, carreira, ambição econômica, aspiração de poder e prestígio (status).


6. De que maneira entende-se o que o autor chama de "problemas" do ponto de vista sociológico?

Do ponto de vista sociológico, problema é sempre a compreensão do que acontece em termos de interação social. Por isso, problema sociológico consiste menos em determinar porque algumas coisas "saem erradas" do ponto de vista das autoridades do que conhecer como o sistema funciona. O problema sociológico fundamental não é crime e sim a lei,, não é o divórcio e sim o casamento, não é a discriminação racial e sim a estratificação por critérios de raça, não é a revolução, e sim o governo.


Próximo texto para discussão em 26/04/2011: A sociologia de Durkheim.
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                                       ATIVIDADE AVALIATIVA DA 1ª UNIDADE
                                                                      RESENHA 

A Sociologia de Durkheim. COSTA, Cristina.Sociologia:Introdução à ciência da sociedade,2ªed. São Paulo.Ed.Moderna, cap.51-59, 1997.



A Sociologia  de  Durkheim



Na introdução, é citada uma das obras fundamentais de  Durkheim, As regras do método sociológico, publicada em 1895, onde o cientista define com clareza o objeto da sociologia – os fatos sociais. Ele  distingue três características dos fatos sociais: sendo a primeira, a coerção social, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha. O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções que podem ser legais ou espontâneas. As legais, são prescritas pela sociedade, sob a forma de leis e as espontâneas, caracterizam-se por uma conduta inapta ou rejeitada pela estrutura social. A segunda característica é a exterioridade, afirmando que os fatos existem e atuam sobre os indivíduos, independentemente da sua vontade. A terceira característica apontada é a generalidade. Para ele é social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles.



Quanto a objetividade do fato social, o pesquisador deve manter certa distância e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise. Segundo ele, o sociólogo deve deixar de lado suas prenoções, isto é, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento estudado, pois nada têm de científico e podem distorcer a realidade dos fatos. Aconselhava o sociólogo a estudar os fatos sociais como coisas, isto é, objetos que, lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os indivíduos envolvidos pensassem ou declarassem a seu respeito. Para se apoderar dos fatos sociais, o cientista deve identificar, dentre os acontecimentos gerais e repetitivos, aqueles que apresentam características exteriores comuns. Por exemplo, o conjunto de atos que suscitam na sociedade reações  concretas classificadas como “penalidades” constituem os fatos sociais identificáveis como “crime”. O suicídio, estudado por Durkheim  constituía-se nesse sentido, em fato social, por corresponder a todas essas características: é geral, existindo em todas as sociedades; e, embora sendo fortuito e resultando de razões particulares, apresenta em todas elas certa regularidade, recrudesce ou diminui de intensidade em certas condições históricas, expressando assim, sua natureza social.



Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais ou patológicos, ou seja, saudáveis ou doentios. Considera um fato social normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. Para ele, o crime é normal não apenas por ser encontrado em toda e qualquer sociedade e em todos os tempos, mas também por representar um fato social que integra as pessoas em torno de uma conduta valorativa, que pune o comportamento considerado nocivo.



A generalidade de um fato social representava para Durkheim, o consenso social e a vontade coletiva, ou o acordo de um grupo a respeito de uma determinada questão. Aquilo que põe em risco a harmonia, o acordo, o consenso e portanto,a adaptação e a evolução da sociedade, representa um estado mórbido da sociedade.Portanto,normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população.Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente.



Sobre a consciência coletiva, sua definição aparece pela primeira vez na obra Da divisão do trabalho social, como o “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade”.que “ forma  um sistema determinado com vida própria.”(p.342) A consciência coletiva se revelaria o “tipo psíquico da sociedade”, que não seria apenas o produto das consciências individuais, mas algo diferente, que se imporia aos indivíduos e perduraria através da gerações. A consciência coletiva é a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como um conjunto de regras fortes e estabelecidas que atribuem valor e  delimitam os atos individuais. É a consciência coletiva que define o que, numa sociedade, é considerado “imoral”, “reprovável” ou “criminoso”.



Durkheim  acreditava, que todas as sociedades haviam evoluído a partir da horda, a forma  social mais simples, igualitária, reduzida a um único segmento onde os indivíduos se assemelham aos átomos, isto é, se apresentavam justapostos e iguais. Para ele o trabalho de classificação das sociedades , deveria ser  efetuado  com base em apurada observação experimental. Guiado por esse procedimento, estabeleceu a passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica como o motor de transformação de toda e qualquer sociedade.



Solidariedade mecânica, era aquela que predominava nas sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social.



Solidariedade orgânica, é aquela típica das sociedades capitalistas, onde, pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornavam interdependentes. Essa interdependência garante à união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas.



Durkheim procurou estabelecer os limites e as diferenças entre a particularidade e a natureza dos acontecimentos filosóficos, históricos, psicológicos e sociológicos. Elaborou um conjunto coordenado de conceitos e de técnicas de pesquisa que,embora norteado de princípios das ciências naturais, guiava o cientista para o discernimento de um objeto de estudo próprio e dos meios adequados para interpretá-lo.

Resenha sobre o texto: A Sociologia de Durkheim 

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Sociologia e Educação

Atividade   sobre o texto: A sociologia de Durkheim

1.Segundo o texto, quais eram, para Durkheim, os objetivos da Sociologia?

A Sociologia deveria se preocupar em explicar a sociedade, encontrar soluções para vida social, comparar as sociedades e proceder a classificação das espécies sociais.

2. Como o texto descreve fato social, segundo a visão de Durkheim?

São 3 as características básicas que distinguem os fatos sociais:

Coerção: a força que os fatos exercem sobre os indivíduos levando-os a conformarem-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha. Essa coerção social, é garantida por instrumentos de controle denominados “ “Sanções”- estas se apresentam de duas formas: sanções legais e sanções espontâneas.

Legais: apresentam sob forma de lei e seu descumprimento resulta em repreensão por parte da sociedade a qual punirá seu transgressor. Ex: multa, prisão, etc.

Espontâneas: caracterizam-se pela adoção de conduta inapta ou rejeitada pela estrutura social. O indivíduo é punido socialmente por meio de ações espontâneas rejeitando explicitamente o comportamento inadequado. Ex: vaia, humilhação, etc.

Exterioridade: os fatos existem e atuam sob o indivíduo independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, sendo assim, exterior ao indivíduo. Mesmo antes do indivíduo nascer, a sociedade já determina leis, costumes, regras sociais que lhe é naturalmente imposta através de mecanismos de coerção. Ex: educação.

Generalidade: é social todo fato que é geral, que ocorre em algum setor significativo de uma sociedade ou em distintas sociedades, em um determinado momento histórico ou ao longo do tempo. Durkheim afirmava que um fato é geral quando se repete em toda a extensão da sociedade ou entre a maioria dos indivíduos que a compõem. Os fatos são comuns aos grupos, portanto coletivos e podem ser representados pelas formas de comunicação, linguagem, formas de habitação, sentimentos, valores éticos, estéticos e morais.

3. Quais eram os passos que um cientista social deve seguir para garantir a sua neutralidade na análise dos fatos sociais?

Em primeiro lugar recomenda tratar o fato como “coisa”, submetendo-o a um exaustivo questionamento para verificar a sua validade como fato social; o cientista deve afastar-se da subjetividade e prenoções, enfocando com objetividade o fato, buscando o afastamento em relação a qualquer opinião existente, valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento estudado, pois nada tem sentido e podem distorcer a realidade dos fatos..

4. Que lei geral Durkheim estabelece para a evolução das espécies sociais?

É a passagem das sociedades de solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica, ou seja, das formas tradicionais de vida para outras em que o costume, tradição e consciência coletiva são menos presentes e menos importantes.

5. Durkheim em  seu livro "As regras do método sociológico" afirma:

“Existem, pois, espécies sociais pela mesma razão por que existem espécies em biologia. Estas, com efeito, são devidas ao fato de que os organismos não constituem senão combinações variadas de uma única e mesma unidade anatômica.”

 Que características da escola positiva podemos encontrar nesse texto?

Como os positivistas, Durkheim procura ver nas sociedades manifestações de um organismo em evolução. Os conceitos de espécie, organismo, unidade anatômica demonstram a influência das ciências “biológicas” sobre sua teoria.

6. Defendendo a imparcialidade e a objetividade da ciência, Durkheim em
 As regras do método sociológico afirma:

“O sentimento é objeto da ciência, não é crítico de verdade cientifica”.
Para Durkheim, a verdadeira ciência deve se guiar pelos sentimentos pessoais do cientista? Por quê?

Não. Para Durkheim os sentimentos individuais, as opiniões, sentimentos apenas atrapalham a apreensão da realidade.

7. Afirmamos que Durkheim considerava a educação, formal e informal, como elemento importante de integração entre os indivíduos à sociedade. Vocês concordam com essa posição? Argumentem.

Não só para Durkheim mas para muitos outros estudiosos, entre eles Rousseau, também atribuíram a educação um papel relevante na integração do indivíduo à sociedade, pois cabe a educação a tarefa de passar valores culturais e éticos necessários para a manutenção da normalidade (ordem) social.

8. Durkheim considerava  a generalidade essencial ao fato social. Exemplifique.

Fila de desemprego; Atendimento em posto de saúde pública.

9. O crime para Durkheim é um fato social normal ou patológico? Por quê?

É normal. Existe em todas as sociedades e varia em função de fatores que independem da vontade dos indivíduos dessas sociedades.

10. Busque no texto o conceito de consciência coletiva. Exemplifique.

Consciência coletiva é o conjunto de valores, crenças, normas que têm um caráter geral e coletivo. Não individual. Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independe daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Embora todos tenham sua consciência individual, seu modo de comportar e interpretar a vida, no interior de qualquer grupo ou sociedade, “obedecem” à formas padronizadas de conduta e pensamento.

11. Defina a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.

A Solidariedade mecânica é aquela que predominava nas sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificavam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social.

A Solidariedade orgânica é aquela típica das sociedades capitalistas, onde, pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos tornavam-se  interdependentes.

12. Sobre certos sentimentos – que até então eram considerados inatos no homem – como amor filial, piedade, ciúme – Durkheim afirma que eles não são encontrados em todas as sociedades.

“Tais sentimentos resultam, pois de organização coletiva em vez de constituírem a base dela.”

a)         Podemos dizer que para Durkheim os sentimentos humanos são fruto de coerção social? Por quê?

Os sentimentos inatos não seriam fruto da coerção social, mas, a forma como  os tomamos e lidamos são frutos da educação, da moral e dos costumes de uma sociedade.

b)         O que seria necessário para que um sentimento fosse considerado inato no homem e parte de sua natureza? 

Que esse sentimento fosse encontrado em toda e qualquer sociedade humana e que fosse invariável durante o tempo, ajustando-se apenas às especificidades de cada tipo social.

13. Definindo normalidade e morbidez dos fatos sociais Durkheim afirma:
“Chamamos normais os fatos que apresentam as formas gerais e daremos aos outros o nome de mórbido ou patológico.”
Exemplifique.

-O aumento da fome em todo mundo, com o crescimento do número de pessoas que ultrapassam para baixo a linha de pobreza, seria um exemplo de um fato social patológico (coloca em risco a própria sociedade).

-O crescimento do desemprego, apesar de contribuir com o aumento do número de pessoas com fome no mundo seria considerado normal na medida em que é parte do funcionamento da sociedade a substituição dos processos produtivos por outros mais eficientes.

Próximo texto para discussão na sala de aula em 14/06/2011: Surgimento da Sociologia 

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                Surgimento da Sociologia



A sociologia surgiu no século XVIII como disciplina de estudo sobre as consequências de dois grandes acontecimentos, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, que causaram profundas transformações econômicas, políticas e culturais na sociedade daquele período.

Como ciência, a Sociologia surgiu no século XIX, no momento da desagregação da sociedade feudal e consolidação do capitalismo, para resolver questões sociais, foca o coletivo, analisa o homem no meio social. Objetiva o progresso e busca pelo estágio positivo.

O termo sociologia foi utilizado primeiramente com o filósofo francês Auguste Comte no seu Curso de Filosofia Positiva, em 1838, na tentativa de unificar os estudos relativos ao Homem, como a História, a Psicologia e a Economia. A corrente sociológica positivo-funcionalista, fundada por Comte, foi mais tarde desenvolvida por Émile Durkheim.

Relação entre o Humanismo e o Ceticismo do século XIX com a Sociologia. - O Humanismo é uma doutrina antropocêntrica, ou seja, centrada nos valores humanos, de caráter individualista, independente de comprovações científicas para esse fato. Porém, no século XIX ocorreu a consolidação da ciência. Até o Renascimento, as explicações  aceitas de qualquer fato eram dadas pela Igreja. O Ceticismo é adotado como postura filosófica usada para avaliações gerais com base em método científico. Aplica-se o conhecimento empírico, (baseado apenas na experiência, sem valor científico) de que tudo que foge a experiência e comprovação, não existe.

Importância de August Comte para a Sociologia. - A maior importância da Sociologia para August Comte, foi a adoção do método científico com base para a organização política da sociedade industrial moderna. Segundo ele, toda e qualquer sociedade evoluía de um estágio Teológico, onde havia o predomínio de entidades divinas, seguindo para o estágio da Metafísica, que é o movimento de questionamento até chegar à meta universal do Positivo, tendo a Europa como meta de civilização e modernidade. Também, desenvolveu um esquema sociológico positivista e lançou a ideia de que toda a vida humana teria atravessado as mesmas fases históricas.

A Religião da Humanidade desenvolvida por August Comte. - Era um sistema em que buscava uma completa espiritualidade humana sem elementos sobrenaturais.Seu dogma baseia-se na ciência e nela, a substituição de Deus por uma humanidade racional e evoluída.

Positivismo - Corrente filosófica que busca a interpretação para fatos, inclui e evoca a razão. É empirista, pois as avaliações científicas devem estar baseadas em experiências.

Evolucionismo - Doutrina segundo a qual toda cultura de uma sociedade é resultado de evolução constante. O homem é o resultado final de uma longa evolução.

Mecanicismo - É o modo como funciona o organismo humano, visto como uma máquina que pensa.

Liberalismo - Teoria econômica do fim do Iluminismo que se opõe ao intervencionismo do Estado na produção e distribuição de riquezas.

Organicismo - É a ideia de que tudo funciona como um sistema. Se um segmento social não funciona bem, os outros sistemas não conseguirão trabalhar em harmonia.

Cientificismo - Valorização exagerada dos métodos científicos na descrição ou análise de qualquer campo da vida humana.Dito como grande solução da humanidade, onde a ciência é a única detentora da verdade. O que não fosse experimentado, não poderia ser mencionado.
Eurocentrismo - A Europa como modelo de civilização e modernidade.

Darwinismo -  Teoria da evolução que se baseada na seleção natural.

Darwinismo Social -  Teoria social baseada na teoria da  da evolução em que apenas os organismos mais aptos sobrevivem.

Émile Durkheim e suas contribuições para a Sociologia. Durkheim foi o fundador da Sociologia Moderna e destacou-se por contribuir com suas reflexões pelo estudo sobre o suicídio; afirmação de que o homem tem consciência distinta, tanto coletiva quanto social; sua concepção de que a sociedade é estruturada pela divisão do trabalho social; a tese de que nem todo fato dito social, é fato social, porque há fatos normais e patológicos.

Conceitos segundo Durkheim: fato social;sociedade; coisa;solidariedade mecânica e solidariedade orgânica.

Fato social - maneiras de agir, de pensar e de sentir, fixa ou  não, exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder. É uma norma coletiva com independência e poder de coerção sobre o indivíduo que direcionam a vida do mesmo.

Sociedade - conjunto de normas de ação, pensamento e sentimento que não existem apenas na consciência individual.

Coisa - é o objeto de estudo. Fatos sociais são considerados desta forma e devem ser vistos com parcialidade pelo sujeito que o estuda. 

Solidariedade mecânica - tipo de solidariedade presente em sociedades primitivas, onde a consciência coletiva é compartilhada pela maioria dos membros que dela fazem parte.

Solidariedade orgânica - tipo de solidariedade presente em sociedades mais complexas, típica de sociedades capitalistas, caracterizada pela divisão do trabalho social.

Relação entre consciência coletiva e consciência individual - Consciência coletiva estabelece normas (certo e errado), limites, direitos e deveres, enquanto consciência individual detém ao indivíduo o livre arbítrio. 

Papel do sociólogo - Compreender a sociedade a fim de manter a ordem vigente 

Objetivo da instrução pública - Que o indivíduo construa sua consciência social, abstraindo-se do egoísmo e do materialismo. 

Análise do suicídio - Os indivíduos que não mantêm o elo de união, comunicação e afetividade em harmonia têm probabilidade de cometerem o suicídio. 

Diferença entre a moralidade e a anomia - A moralidade é uma qualidade das ações humanas que seguem regras sociais, princípios e valores; A anomia é a falta de coesão e ordem; ausência de normas  que regulam o comportamento do indivíduo. É um modo de afirmar que a sociedade  encontra-se socialmente doente.  

Importância da moral individualista e da religião para a sociedade -  A importância da moral individualista está na especialização de funções produtivas na divisão social do trabalho. A importância da religião se dá  pela inter-relação entre a cerimônia e ideia de festa, quando ocorre aproximação dos indivíduos, união e coletividade.

Outras importantes correntes sociológicas foram iniciadas por Karl Marx e Max Weber.

Quem foi Max Weber e a sua definição para a Sociologia - Max Weber foi fundador do estudo moderno da Sociologia. Estudava a sociedade com especificidade, analisando sua formação histórica, como a mesma se solidifica, ou seja, buscava compreender a sociedade dentro de sua própria história. Sociologia para Weber é uma ciência que busca compreender a ação social, entender o indivíduo para posteriormente compreender a sociedade.

Relação Weber x Durkheim referente  ao indivíduo e à sociedade.

Weber - parte do indivíduo para entender o coletivo.

Durkheim - parte do coletivo para entender o indivíduo. 


Tipos de dominação legítima: Legal, Tradicional e Carismática.

. Dominação Legal - se dá através da lei, estatuto. Exercida quando a lei não é obedecida, se dá a punição.

.Dominação Tradicional - Reconhecimento de posturas sociais diferenciadas, tradicionalista. Ex. a obediência do filho para o pai.

.Dominação Carismática - Ceder a vontade do outro em virtude de relacionamento social. Ex. Relação de amizade entre cônjuges  ou namorados. 

Ideias de Max Weber - Quanto mais carismática a relação, mais intensa ela é; Quanto mais vulnerável a relação, menos tem probabilidade de durar; Quanto mais burocrática a relação, menos intensa é, porém mais durável.
Quem foi Karl Marx e sua contribuição para a Sociologia - Karl Marx foi um filósofo alemão que desenvolveu a teoria materialista dialético, propôs ampla transformação política, econômica e social. Ele criticava o liberalismo, pois gera livre consumo, consequentemente livre concorrência, que gera consumo desenfreado e resulta em alienação. Foi o idealizador de uma sociedade com distribuição de renda justa e equilibrada.

Diferença entre a Dialética Hegeliana e a Dialética Marxista

Dialética Hegeliana - é idealista; é um método de três etapas:Tese + Antítese = Síntese; Quer dizer parte de uma afirmação, ser como conceito generalizado (tese)que em seguida é negado,ser sem propósito é o mesmo que não ser (antítese) e por fim, essa contradição somada à afirmação. adquire o conceito de vir a ser ou tornar-se (síntese).

Dialética Marxista - é o método de análise da realidade, não é apenas pensamento. É a realidade que transformamos em ação, nega a existência da alma, de outra vida e de Deus e a existência de um mundo ideal, existe apenas o aqui e o agora.

Socialismo proposto por Marx diferenciando-o do Sociológico Utópico - O Socialismo de Marx trazia a  proposta de  transformação política, econômica e social, é um modo de organização que visava a queda da burguesia e a ascensão da classe trabalhadora,  enquanto o Socialismo Utópico acreditava no surgimento de uma sociedade ideal sem a revolução proletária de modo pacífico e iniciada por elites.

Materialismo segundo a teoria  marxista -  Materialismo - corrente filosófica do ser e pensar. A matéria é um dado primário e a consciência é o reflexo da relação do indivíduo com o mundo.



Próximo texto para discussão na sala de aula em 28/06/2011: Sociologia sob uma perspectiva histórica.
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Desenvolvimento da Sociologia alemã: a contribuição de Max Weber

A Sociologia sob uma perspectiva  histórica


Positivismo, pensamento predominante na França e na Inglaterra, no século XIX.

Existe um contraste entre o positivismo e o idealismo, expressos de maneiras diferentes como cada um encara a história.

Para o positivismo, a história é um processo universal da evolução da humanidade. Essa forma de pensar faz desaparecer as particularidades históricas e os indivíduos são dissolvidos em meios as forças sociais impositivas. Tal corrente valoriza a lei da evolução, a generalização e a comparação entre formações sociais.

Para Weber a pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades que baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das fontes, permite o entendimento das diferenças sociais, estas seriam de gênese e formação e não de estágios de evolução.

Weber combinando história e sociologia respeita as particularidades de cada um e ressalta os elementos mais gerais de cada processo histórico.

Para Weber, todo historiador trabalha com dados esparsos e fragmentários. Por isso, propunha para esse trabalho o método compreensivo, pelo qual interpretava-se o passado e sua repercussão nas características peculiares das sociedades contemporâneas que nos permite atribuir aos fatos esparsos num sentido social e histórico.

A ação social: uma ação com sentido.

Para Weber a formação social adquiriu especificidade e importância própria. Seu objeto de investigação é a ação social, a conduta humana dotada de sentido. É o homem quem dá sentido à sua ação social:estabelece conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.

Para Weber não existe oposição entre indivíduo e sociedade As normas sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação. Cada sujeito age levado por um motivo, que se orienta pela tradição, por interesses racionais ou pela emotividade. O motivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que é social na medida em que cada indivíduo age levando em conta a resposta ou reação de outros indivíduos.

A tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações humanas. O sentido, por um lado é expressão da motivação individual, formulado expressamente pelo agente ou implícito na sua conduta. O  caráter social da ação individual, decorre, segundo Weber, da independência dos indivíduos.

Ao cientista, compete captar o sentido produzido pelos diversos agentes em todas as suas consequências. Ele pode descobrir nexo entre várias etapas em que se decompõe a ação social.

É o indivíduo que por meio dos valores sociais, produz o sentido da ação social. O indivíduo não pode prever com certeza todas as consequências de determinada ação.

A análise sociológica não se confunde com a análise psicológica. O social só se manifesta em indivíduos, expressando-se sob a forma de motivação interna e pessoal.

Para que se estabeleça uma relação social é preciso que o sentido seja compartilhado.



Próximo texto para discussão na sala de aula em 12/07/2011: Karl Marx e a  história da exploração do homem.

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             Karl Marx e a história da exploração do homem

A Sociologia, ciência que estuda a civilização humana em seus aspectos individuais e coletivos, de forma crítica e transformadora, atualiza-se também, de modo a contribuir para a compreensão dos conflitos que abalam a sociedade na busca por explicações que possibilitem o entendimento e a ação humana consciente e responsável.


É disso que trata esta obra: da análise crítica e histórica do pensamento sociológico desde seus primórdios até a atualidade, a partir de uma perspectiva contemporânea, buscando tornar a sociedade do terceiro milênio mais compreensível aos que nela se inserem e atuam.


Com o objetivo de entender o capitalismo, Marx produziu obras de filosofia, economia e sociologia, tencionando propor uma ampla transformação política, econômica e social. A principal obra de Marx, O Capital, não é sociológica, mas econômica.



Desenvolveu o conceito de alienação mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção, que se tornaram propriedade privada do capitalista.


De acordo com Marx, politicamente o homem também se tornou alienado, pois o principio da representatividade, base do liberalismo, criou a idéia de Estado como um órgão político imparcial, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos.


Marx proclamava ainda a inexistência de igualdade natural e observa que o liberalismo vê os homens como átomos, como se estivessem livres das evidentes desigualdades sociais. Para Marx, as desigualdades sociais observadas no seu tempo eram provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, que divide os homens em proprietários e não-proprietários dos meios de produção. As relações entre homens se caracterizam por relações de oposição, antagonismo, exploração e complementaridade entre as classes.



A história do homem é, conforme Marx, a história da luta de classes, da luta constante entre interesses opostos, embora esse conflito nem sempre se manifeste socialmente sob a forma de guerra declarada. As divergências, oposições e antagonismos de classes estão subjacente a toda relação social, nos mais diversos níveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da propriedade privada.


De acordo com a análise de Marx, não é no âmbito da compra e venda de mercadorias que se encontram bases estáveis nem para o lucro dos capitalistas individuais nem para a manutenção do sistema capitalista. Ao contrário, a valorização da mercadoria se dá no âmbito de sua produção. 

Chama-se de mais-valia ao valor que o trabalhador cria para além do valor de sua força de trabalho. De certa forma, sobretudo em termos sociológicos, esta é a alma do capitalismo, porque nisto decide sua teoria e prática da desigualdade social. O trabalhador é pago pela sua força de trabalho, através de um salário cujo valor tende a ser de mera sobrevivência, ou seja, que lhe permite tão somente repor ou reproduzir sua força de trabalho. Mas o que o trabalhador produz, vale mais do que a paga recebida em salário. Esse “mais” é apropriado pelo dono dos meios de produção, o que se chama muitas vezes apropriação do excedente de trabalho.


Marx chamou de mais-valia absoluta aquela obtida pelo alargamento da jornada de trabalhou pela intensificação do uso da força de trabalho. Por outra, é mais-valia relativa àquela obtida pela diminuição do tempo de trabalho necessário, geralmente através da especialização profissional, ou da introdução de novas tecnologias, ou da adoção de novos métodos de gerenciamento, etc. Nestes casos, é possível aumentar a mais-valia, mesmo diminuindo o tempo de trabalho.
  
Para Marx as condições específicas de trabalho geradas pela industrialização tendem a promover a consciência de que há interesses comuns para o conjunto da classe trabalhadora e, consequentemente, tendem a impulsionar sua organização política para a ação. A classe trabalhadora, portanto, vivendo uma mesma situação de classe e sofrendo progressivo empobrecimento em razão das formas cada vez mais eficientes de exploração do trabalhador, acaba por se organizar politicamente. Essa organização é que permite a tomada de consciência da classe operária e sua mobilização para a ação política.


Marx parte do princípio de que a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a forma como os homens organizam a produção sociaI de bens. Essa produção, segundo Marx, engloba dois fatores: as forças produtivas e as relações de produção.


Sendo que as forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção. E, relações de produção são as formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva.

    
Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda atividade produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela qual ambas existem e são reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx denominou modos de produção.
Para Marx, o estudo do modo de produção é fundamental para compreender como se organiza e funciona uma sociedade. As relações de produção, nesse sentido, são consideradas as mais importantes relações sociais.


Além de elaborar uma teoria que condenava as bases sociais da espoliação capitalista, conclamando os trabalhadores a construir, por meios de sua práxis revolucionária, uma sociedade assentada na justiça social e igualdade real entre os homens, Marx conseguiu como nenhum outro, com sua obra, estabelecer relações profundas entre a realidade, a filosofia e a ciência.

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Trabalho apresentado a disciplina Sociologia e Educação, para avaliação do professor Valdélio Santos. Trabalho em grupo apresentado escrito e em seminário.

                                     SEMINÁRIO: Atividade Avaliativa da 3ª Unidade

                      EDUCAÇÃO E RACISMO





     O tema surgiu no intuito de fazer uma reflexão sobre este assunto tão serio que, traz questões de suma importância para a sociedade. O racismo é tratado de diversas maneiras, e lugares, mas a escola foi um local mais propício e, que de certa maneira provocou a curiosidade de como se dá esta questão nas escolas. A priori o racismo é mais voltado para a questão dos negros, mas, existem outros povos, raças etnias que sofrem racismo também. 

     Antes de aprofundarmos na questão de racismo e educação, é de suma importância entender os conceitos destes dois temas. Destacar fatos históricos acerca dos mesmos, no intuito de ficarmos minimamente entendidos de como se deu o surgimento e “evolução” destes assuntos distintos e ao mesmo tempo “fundidos” nas cabeças de alguns indivíduos perpassados em tradições nos séculos.

     Afinal de contas o que é racismo?, Alguns têm arraigados nas suas cabeças, um conceito mal formado, e que de certa forma implica nas gerações futuras. Bem, segundo Carneiro: “[...] é uma doutrina que afirma haver relação entre características raciais e culturais e que algumas raças são, por natureza, superiores a outras.” (CARNEIRO, 2007, p. 06). Mais existe também a contribuição de outro autor para nos esclarecer um pouco mais sobre este conceito. Como diz Gobineau: “O racismo deforma o sentido científico do conceito de raça, utilizando-se para caracterizar diferenças religiosas, linguísticas e culturais.”(CARNEIRO apud GOBINEAU, 2007, p. 06).

     Antes de colocarmos a culpa nos pais, na administração da escola e ate mesmo nos professores, devemos tentar entender como surgem e acontecem os fatos racistas nas  escolas. Podemos destacar uma destas questões, a  falta de preparo de alguns professores em sala de aula, ai chega-se então a questão da formação destes educadores.  Em uma escola a professora entregou uma atividade para os alunos, gerando então um “mal” entendido.

O descuido de uma professora da rede estadual de São Paulo na utilização de um texto com conteúdo racista em sala de aula levou o Tribunal de Justiça de São Paulo a condenar o governo do Estado a pagar uma indenização de R$ 20,4 mil por danos morais à família de um estudante. A sentença foi dada no dia 10 e cabe recurso. A Procuradoria-Geral do Estado informou que ainda não sabe se vai recorrer da decisão. Em 2002, uma professora da 2.ª série do ensino fundamental da escola estadual Francisco de Assis, no Ipiranga, em São Paulo, passou uma atividade baseada no texto Uma Família Colorida, escrito por uma ex-aluna do colégio. Na redação, cada personagem era representado por uma cor. O "homem mau" da história, que tentava roubar as crianças da família, era negro. (ALVAREZ, 2010).


     Uma estatística prova alguns pontos de suma relevância para a questão do racismo e, como o mesmo implica no desempenho dos discentes.

Em 2007, uma pesquisa da Unesco mostrou que o racismo afeta o desempenho escolar de negros no Brasil. A média dos brancos no 3.º ano do ensino médio é 22,4 pontos mais alta que dos negros (na escala de 100 a 500 do Saeb). Mesmo quando se leva em consideração a classe social, as diferenças se mantêm. Na classe A, 10,3% dos brancos tiveram avaliação crítica e muito crítica no Saeb. Entre os negros, foram 23,4%. . (ALVAREZ, 2010)


     Na pesquisa elaborada pelas Sociólogas Mary Garcia Castro e Miriam Abramovay, convênio entre o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação, e a Unesco.

As escolas brasileiras não estão atentas para as práticas sutis de racismo existentes entre alunos e professores, prejudicando, assim, a mobilidade educacional e social de crianças e jovens negros. Esse é o principal argumento da pesquisa "Relações raciais na escola: reprodução de desigualdades em nome da igualdade", resultado de um convênio entre o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação, e a Unesco. Coordenado pelas sociólogas Mary Garcia Castro e Miriam Abramovay, a pesquisa combina técnicas qualitativas – como entrevistas, grupos focais e observações em sala de aula – com análises quantitativas tais como os dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Realizado nas cidades de Belém, Salvador, São Paulo, Porto Alegre e no Distrito Federal, o estudo é abrangente e focaliza crianças, alunos das últimas séries do ensino fundamental e do ensino médio, assim como pais, professores, diretores e  funcionários de 25 escolas particulares e públicas. (CANTARINO, 2007).


     Em dado momento a pesquisa mostra uma justificativa, nada agradável para estes fatos racistas como diz as sociólogas: “Xingamentos e apelidos de cunho racista são justificados como "brincadeiras".” (CANTARINO, 2007).


O objetivo geral desse trabalho, foi  avaliar o contexto histórico do racismo nas escolas na contemporaneidade.

Como objetivo específico, faremos um levantamento através de pesquisas de alguns fatos sociais, racismo no ambiente escolar, para tentar entender minimamente como eles ocorrem, assim sendo, superando os paradigmas arraigados nas mentes de algumas pessoas.


Para inicio de nossos estudos tomamos como base  o conceito de educação.
Educação no lar, na rua, na escola etc. Uma verdade absoluta é que o indivíduo se transforma com a educação, seja onde quer que ele esteja.

A educação não é simples transmissão de herança dos antepassados para as novas gerações, mas o processo pelo qual também se torna possível a gestação do novo e a ruptura com o velho. Evidentemente, isso ocorre de maneira variável, conforme sejam as sociedades estáveis ou dinâmicas. As comunidades primitivas e as tradicionalistas resistem mais à mudança, enquanto nas sociedades urbanas contemporâneas a mobilidade é muito maior. Para o professor José Carlos Libâneo, “educar em latin, (educare) é conduzir de um estado a outro. É modificar numa certa direção o que é suscetível de educação. O ato pedagógico pode, então, ser definido como uma atividade sistemática de interação entre seres sociais, tanto no nível do interpessoal como no nível da influência do meio, interação essa que se configura numa ação exercida sobre sujeitos ou grupos de sujeitos visando provocar neles mudanças tão eficazes que os tornem elementos ativos desta própria ação exercida. Resume-se, aí, a interligação no ato pedagógico de três componentes: um agente (alguém, um grupo, um meio social etc.), uma mensagem transmitida (conteúdos, métodos, automatismos, habilidades etc.) e um educando (aluno, grupos de alunos, uma geração etc.) (ARANHA apud LIBÂNEO, 2006, p.31-32).

Uma educação informal e sistemática, que se apresenta também com a participação da comunidade.
A educação nasce com um progresso comunitário de ensinar e aprender, que se destina às necessidades de cada grupo social. Essas formas primárias de socialização, passada de maneira informal e sistemática, estão presentes não só nas sociedades do passado, mas se fazem presente nos dias atuais, pois mesmo com as instituições destinadas a educar (a escola), percebemos a educação concebida na família, no trabalho, no lazer, nas igrejas, o que nos mostra ser a mesma algo que acontece também na escola, mas que acontece em muitos outros lugares. (MEIRA, 1995, p.23).

 Onde quer que o homem vá a educação se faz presente, em diversos lugares, cidades e seus povos com culturas diversas.

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. (BRANDÃO, 2007, p.07).

A educação e suas diversas formas de se ensinar/aprender, em lugares e com pessoas adversas.
Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante. (BRANDÃO, 2007, p. 09).

As gerações futuras, uma troca do saber, uma nova forma de enxergar o saber: “A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade.” (BRANDÃO, 2007, p. 10).

A evolução do homem se da com seu conhecimento, com os erros, e por que não dizer também com a educação dos mais velhos. 

Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzem, entre todos os que ensinam-e-aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar – às vezes a ocultar, às vezes a incultar – de geração em geração, a necessidades da existência de sua ordem. (BRANDÃO, 2007, p. 10-11).

Uma “separação” quanto ao conceito de educação e conhecimento, já que um não se dá sem outro.
Educação é conceito mais rico que conhecimento, porque este tende a restringir-se ao aspecto formal, instrumental, metodológico, enquanto o outro abrange o desafio da qualidade formal e política ao mesmo tempo. Por certo, conhecimento inovador não fica apenas na forma acadêmica, já que é feito para inovar. A prática lhe é necessidade intrínseca. Mas, parece claro que educação une mais facilmente teoria e prática. (DEMO, 1994).

Uma  visão de Durkheim sobre de como é educação, e qual a sua importância para a sociedade.
[...] Durkheim viu na educação o meio pelo qual a sociedade se perpetua. A educação, segundo ele, transmite valores morais que integram a sociedade. Por isto a mudança educacional é não só um importante reflexo das mudanças sociais e culturais, mas também um agente ativo de mudanças da sociedade envolvente. (GOMES, 1994).  

CONSEQUÊNCIAS   DO   RACISMO  NO  AMBIENTE  ESCOLAR

          Durante cinco séculos consecutivos, negros, mulatos, indígenas, judeus e ciganos, uns mais, outros menos, foram discriminados pelo homem branco cristão. Foram em momentos distintos e sob diferentes justificativas tratados como seres inferiores, em função de sua cultura, raça ou condição social.
          Sob a alegação de que os índios eram preguiçosos, sustentou durante séculos o mito do índio indolente, conceito ainda presente na mentalidade da maioria dos brasileiros. Daquela época herdamos a ideia de que o índio não tem responsabilidade do homem”civilizado”, portador de uma cultura superior e em condições de administrar as terras.
          Com relação aos negros, a situação não foi diferente. Tratados como seres inferiores, verdadeiros animais ou objetos, o grupo dominante encontrou um pretexto para explorá-lo como mão-de-obra escrava. Eram ridicularizados por seu aspecto físico ou por seus costumes e, sob pretexto de que possuíam sangue impuro, estavam proibidos de exercer cargos públicos, militares e religiosos.
          Sobre o racismo e a educação, uma pergunta a se fazer: “Como o preconceito racial afeta uma criança?” Definindo alguns conceitos importantes que geralmente surgem quando a discussão é sobre relações raciais, temos: o preconceito racial, a discriminação racial e o racismo.
“Muitas vezes não sabemos exatamente o que de fato cada termo quer dizer. Quando falamos de preconceito estamos nos referindo a idéia preconcebida, sem razão objetiva ou refletida. Assim como, pensar que as pessoas negras são pouco  afeitas aos estudos, e mais,  destinadas a trabalhos manuais. É uma idéia preconceituosa, porque não está de acordo com a realidade e atinge a todo um grupo de pessoas. O  fato de uma, ou outra pessoa negra  não gostar de estudar não pode ser aplicado a todo o grupo racial.” (DIAS,1997)
Já a discriminação racial é uma atitude ou uma ação com objetivo de diferenciar, distinguir e em geral prejudicar um grupo tendo por base idéias preconceituosas. Assim, quando uma professora, não permite que uma menina negra represente uma princesa em uma peça de teatro, argumentando que as princesas são brancas, ela está discriminando negativamente. Assim, ela está praticando uma ação que objetiva prejudicar uma criança devido ao seu pertencimento racial.
Quanto ao racismo, muitas pessoas dizem que no Brasil  afeta  pessoas negras, pobres,  indígenas, gordas etc. Certamente essas pessoas querem dizer que esses grupos também são discriminados e não que sofrem em decorrência do racismo, pois no conceito de  racismo está presente, a idéia da existência de raças superiores e inferiores, e que disso decorrem um efeito negativo de um grupo racial sobre outro, originando as desigualdades sociais, econômicas, escolares etc. Por isso, quando falamos que a pessoa gorda tem problemas de aceitação social, não estamos falando do mesmo fenômeno que desumaniza a pessoa negra ou indígena. Um caso se refere à discriminação e outro, às conseqüências do racismo.
          Respondendo  a pergunta do início, o ocorrido em Cuiabá que demonstra, como negros passam vida escolar.
         “ Menina ‘responde’ com notas melhores

          Natália tem só 9 anos, mas já conhece o peso do preconceito. Sua cor de pele e seus cabelos afros são alvos constantes de piadinhas entre os colegas. “Eles (os colegas) ficam me chamando de cabelo de pixaim, falam ‘ô sua negra desarrumada’, e outras coisas”, conta ela, timidamente.

          A estudante diz que sua mãe lhe ensinou a não se importar com o que os outros disserem sobre sua cor. “Ela disse que se a gente fica zangada, eles xingam mais”, observa. Indagada sobre o que faz para superar essa questão, Natalia não titubeia: “tiro boas notas, melhores que as deles”.

          De acordo com Natália, por parte dos professores nunca sofreu nada que pudesse ser classificado como preconceito ou discriminação racial.” (DIAS,1997)
Esse  exemplo, e muitos outros,  nos dão a dimensão de como o preconceito racial está presente na vida escolar e nos permite inferir algumas consequências negativas, para as crianças negras, advindas dele. Tais como: rejeição, desvalorização, sentimento de solidão. Podemos também,  baseados na produção científica, principalmente, das décadas de 80 e 90 dizer  que o preconceito racial interfere drasticamente no rendimento escolar das crianças negras.
Essas consequências do racismo serão vivenciadas de diferentes maneiras. Tudo depende do instrumental que a criança possui para enfrentá-las. Se tiver  uma família  com condições de conversar sobre isso para ajudá-la a construir sua  autoconfiança ela percorrerá esse árduo trajeto escolar e sobreviverá  aos efeitos de ser discriminada. Ou ainda, se encontrar algum suporte oferecido pela escola para enfrentar a discriminação podemos dizer que não sairá ilesa desse processo mas que pode construir possibilidades de reação às situações e com isso permanecer na escola obtendo sucesso.
          As famílias negras possuem extrema dificuldade para melhorar seu capital social, cultural e econômico, pois o racismo  não opera apenas em nível individual, ele é estruturante da sociedade brasileira e as crianças negras são herdeiras da desigualdade e da exclusão social provocadas pelo racismo institucional brasileiro.
          Dentre as várias consequências vistas em vítimas de atos discriminatórios estão à depressão, baixa autoestima, agressividade, desvios comportamentais, formação debilitada da identidade, além de dificuldades na aprendizagem. O desconhecimento das consequências do preconceito gera passividade em relação ao tema.
          O preconceito nem sempre vem acompanhado de uma agressão, em sua maioria são as maneiras sutis, que comprovam a sua existência no subconsciente do indivíduo, o que gera a ilusão de um convívio harmônico com as diferenças.
 



BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação.SãoPaulo:Brasiliense,(Coleção Primeiros Passos; 20)2007

CARNEIRO,Maria Luiza Tucci.O racismo na história do Brasil:Mito e realidade. História em movimento.Ed.Ática 8ªed.2007
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1997.

DIAS. Lucimar Rosa. Diversidade Étnico-racial e Educação Infantil. Três Escolas. Uma questão. Muitas Respostas, Dissertação de Mestrado, UFMS, 1997.
DURKHEIM, Émilie. Educação e Sociologia. 1958-1917. São Paulo: Melhoramentos [Rio de Janeiro] Fundação Nacional de Material Escolar, 1978.



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