quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - PCN DE LÍNGUA PORTUGUESA



PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - PCN DE LÍNGUA PORTUGUESA
1ª PARTE
RESUMO DA APRESENTAÇÃO DO GRUPO 1

Para o PCN da Língua Portuguesa - o professor tem o papel principal como mediador entre o conhecimento linguístico e o aluno durante o processo de ensino-aprendizagem.

O PCN da Língua Portuguesa descreve a competência discursiva de seus alunos no que diz respeito à escuta, à leitura e à produção de textos.

No Ensino Fundamental, o eixo de discussão, no que se refere ao fracasso escolar, tem sido a questão da leitura e da escrita.

Sabe-se que os índices brasileiros de  repetência, nas séries iniciais, estão diretamente ligados à dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e a escrever.

Pode-se considerar o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa na escola como resultantes da articulação de três variáveis: o aluno. A língua e o ensino.

A Língua Portuguesa, no Ensino Fundamental deve estar organizada de tal forma a garantir aos alunos possibilidades de participar do mundo letrado. Seu ensino tem finalidade de expandir as possibilidades de uso da linguagem por meio do falar, escutar, ler e escrever.

O trabalho com leitura deve ser diário. Projetos de leitura são situações em que linguagem escrita, leitura e produção de textos se inter-relacionam de forma contextualizada.

A prática de produção de textos tem a finalidade de formar escritores competentes, capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes.


PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - PCN DE LÍNGUA PORTUGUESA
2ª PARTE
RESUMO DA APRESENTAÇÃO DO GRUPO 2

          Os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa não são uma coleção de  regras, e sim, um pilar para a transformação de objetivos, conteúdos e didática de ensino. Expressam o empenho em criar novos laços entre ensino e sociedade e apresenta ideias do que se quer ensinar, como se quer ensinar e para que se quer ensinar.
        
          Objetivos da Língua Portuguesa para o 1º Ciclo:

          - Ler textos dos gêneros previstos para o ciclo, combinando as estratégias de decifração com as de seleção, de antecipação, de inferência e de verificação;

         -  Participar de diferentes situações de comunicação oral, acolhendo e considerando as opiniões alheias e respeitando os diferentes modos de falar;

          - Escrever textos dos gêneros previstos para o ciclo preocupando-se com a forma ortográfica, utilizando a escrita alfabética;

         - Considerar a necessidade das várias versões que a produção do texto escrito requer, empenhando-se em produzi-las com a ajuda do professor.

             Objetivos da Língua Portuguesa para o 1º Ciclo:


          As práticas educativas devem ser organizadas de maneira a garantir, progressivamente, que
os alunos sejam capazes de:

          - compreender o sentido nas mensagens orais e escritas de que é destinatário direto ou indireto, desenvolvendo sensibilidade para reconhecer a intencionalidade implícita e conteúdos discriminatórios ou persuasivos, especialmente nas mensagens veiculadas pelos meios de comunicação;

          - ler autonomamente diferentes textos dos gêneros previstos para o ciclo, sabendo identificar aqueles que respondem às suas necessidades imediatas e selecionar estratégias adequadas para abordá-los;

          - utilizar a linguagem para expressar sentimentos, experiências e ideias, acolhendo, interpretando e considerando os das outras pessoas e respeitando os diferentes modos de falar;

          - utilizar a linguagem oral com eficácia, começando a adequá-la a intenções e situações comunicativas que requeiram o domínio de registros formais, o planejamento prévio do discurso, a coerência na defesa de pontos de vista e na apresentação de argumentos e o uso de procedimentos de negociação de acordos necessários ou possíveis;

          - produzir textos escritos, coesos e coerentes, dentro dos gêneros previstos para o ciclo, ajustados a objetivos e leitores determinados;

          - escrever textos com domínio da separação em palavras, estabilidade de palavras de ortografia regular e de irregulares mais frequentes na escrita e utilização de recursos do sistema de pontuação para dividir o texto em frases;

          - revisar seus próprios textos a partir de uma primeira versão e, com ajuda do professor, redigir as versões necessárias até considerá-lo suficientemente bem escrito para o momento.


        
REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. língua portuguesa. Brasília,1997.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

ORGANIZAÇÃO DE BIBLIOTECA,SALAS DE LEITURA E USO DO DICIONÁRIO

ALFABETIZAÇÃO E LINGUAGEM :
 ORGANIZAÇÃO E USO DA BIBLIOTECA ESCOLAR,
 DAS SALAS DE LEITURA E O USO DO DICIONÁRIO NA SALA DE AULA


           "Organização e uso da biblioteca escolar e das salas de leitura", foi tema do nosso seminário, avaliação da terceira unidade da disciplina RTM do Ensino da  Língua Portuguesa. utilizamos o fascículo 4 do Livro Pró-Letramento: Programa de formação continuada de professores dos anos séries iniciais do Ensino Fundamental. O quarto fascículo é distribuído em três unidades, onde a primeira fala sobre a biblioteca escolar, a segunda fala das atividades de leitura e a última unidade fala do uso do dicionário. 
           Vivemos em uma sociedade imersa em letras e imagens. A pessoa que ainda lê com dificuldade e não consegue estabelecer relações entre os sentidos do texto e o mundo à sua volta encontra sérios impedimentos para tomar parte dos eventos sociais que envolvem o letramento e para usufruir dos bens culturais, por direito de todos.
          Verifica-se a necessidade de formarmos alunos leitores e produtores de textos, motivo pelo qual a leitura precisa ocupar o lugar central no currículo escolar das séries iniciais.
          Como formar pessoas leitoras, criativas, envolvidas se não houver um ambiente adequadamente organizado para este fim? Daí surge a necessidade de se pensar na organização e no uso da biblioteca escolar, das salas de leitura.
          Devemos refletir sobre a importância da biblioteca escolar e da sala de leitura, apontando elementos relacionados à sua organização e possibilidades de uso.  Analisar também diferentes modalidades de leitura e a fundamental mediação do professor ao longo desse processo, como também verificar  a relevância do dicionário como aliado no dia-a-dia da sala de aula.

                      Biblioteca escolar. Para quê? Como Utilizá-la?
       
          A biblioteca escolar deve ter em vista a complementação  de todo o processo educacional.  Deve servir de suporte para todas as disciplinas, atender o corpo docente e discente como fonte de consulta e incentivar o hábito de leitura. Sua organização deve ter integração com a sala de aula e com o desenvolvimento do currículo escolar.
          A biblioteca deve também ser como uma extensão da sala de aula, por permitir acesso a vários suportes de informação e propiciar experiências criativas de uso da informação, isso, através de iniciativas como:  hora do conto; contação de histórias; representação teatral; jornadas pedagógicas; concursos literários, recitais poéticos, dentre outras atividades.
           A biblioteca é o lugar de acesso a livros, coleções, periódicos, jornais, gibis. Enfim, aos mais variados tipos e alternativas de material impresso. Além disso, espaço com lápis e papel, para que um leitor inspirado tenha a chance de fazer os seus registros, copiar um poema que o fascinou, um título de romance para recomendar a um colega ou simplesmente para escrever algo de seu interesse.
           Na organização de uma biblioteca e das salas de leitura, deve-se considerar o livre acesso aos livros de todas as formas, tamanhos e cores. O  lugar de acesso a diferentes gêneros e suportes de texto. É um espaço de cultura,  não é um mero depósito de livros. A biblioteca pode ser ambiente acolhedor, onde todos queiram estar, com opções de leitura para todos os gostos e idades. A biblioteca pode ser ainda, um lugar em que possa respirar cultura e também produzi-la.
          Nas salas de leitura de uma biblioteca, as mesas e cadeiras devem ser do tamanho adequado ao leitor, com papel e lápis para anotações. Um canto iluminado, com almofadas, onde os pequenos, especialmente, e aqueles que assim o desejarem possam se acomodar para lerem e ouvirem histórias. Um espaço diferenciado para organizar revistas, gibis e jornais, como cestos de vime, caixas de papelão forradas ou outro material. Organização de um fichário para catalogação das obras que compõem o acervo e registro do movimento de empréstimo. É importante criar uma forma de organizar o acervo que seja compreendido por você e pelos usuários.
         Muitas crianças chegam à escola sem ter tido a oportunidade de conviver e se familiarizar intensa e amplamente com os meios sociais de circulação da escrita. Especialmente para estas crianças, a escola é o lugar de aprender a usar os objetos de escrita, dentre eles o livro (p. 11).
         Livros grossos ou finos?  Com figuras ou sem figuras?
“[...] talvez fosse bastante prudente perguntar à própria criança o que ela acha do assunto. Provavelmente iríamos nos surpreender ao vê-la atraída por livros grossos ou finos, com ou sem figuras”. A criança é um ser de cultura, que ao se relacionar com o mundo, aprende nos intercâmbios com seus pares e é capaz de modificá-lo [...]” ”(p. 12)
          E as escolas que não possuem biblioteca? - Os professores de comum acordo com a direção da escola devem encontrar um meio de formar um acervo e guardá-lo em um armário na sala de aula;  Procurar livros em bibliotecas públicas; Formar um acervo da classe por meio de doações da comunidade; Usar outros suportes de textos como: jornais, revistas, gibis, etc.; Livros e demais materiais podem ser guardados em caixas de papelão;
Atividade de Leitura - Leitura: uma prática social na escola. A leitura como uma prática social dos alunos deve tornar-se uma prática relacionada a esta dimensão também na escola. Escola é como uma grande biblioteca para os alunos. A leitura deve fazer parte do projeto pedagógico da escola, envolver toda a comunidade escolar, e ser a sua prioridade número 1.


         E na sala de aula, como ficam a leitura e a escrita? -  Leitura e escrita precisam ser planejadas, como atividades cotidianas, não só entre os alunos, mas também entre professores e professoras. É importante que, na sala de aula, a leitura e a escrita não sejam atividades secundárias, que não ocupem apenas o tempo que sobrou no finalzinho da aula.  Compartilhar com outros professores as estratégias de leitura para troca de experiências. Estimular o envolvimento do leitor com o livro lido, por meio de atividades de leitura (em voz alta, ou em silêncio, individual, ou coletiva, na sala ou na biblioteca), que sejam planejadas, que permitam opiniões dos leitores e estimulem o aluno a fazer do livro uma parte do seu dia-a-dia. Garantir o acesso aos livros e outros materiais de leitura.
         O acesso ao acervo - Oferecer aos alunos opções variadas de leitura, convívio permanente com os livros e com a biblioteca. Biblioteca como um Centro Cultural. Transformar a imagem e a rotina da biblioteca ou da sala de leitura na escola, para que se torne um lugar atraente e significativo para as crianças. A organização do acervo adequada ao desejo dos leitores e ao trabalho dos professores e professoras.
       O papel do(a) professor(a) -  Mediação entre livros e leitores: o professor(a) como leitor ou leitora pode ler com e para seus alunos. Pode contar histórias, usar as histórias lidas e ouvidas como estímulo para a escrita dos alunos;desenvolver o gosto pela leitura a partir de uma aproximação significativa com os livros; planejar com antecedência os espaços e horários para usar a biblioteca ou a sala de leitura; Uso de diversos recursos; Promover e orientar a leitura, vivenciar práticas de leitura e dar depoimentos; Memória de leitura.
         Situações de Leitura - Trabalhar com a variedade de textos que circulam na sociedade, com materiais de qualidade, estabelecendo uma diversidade de objetivos e modalidades de leitura. Promover a interação dos alunos com diferentes textos escritos e múltiplas situações de leitura. Prática de leitura frequente. Escolha e organização do momento da leitura. Atenção às práticas de leitura da comunidade. Atividades de leitura como: Apresentação oral de um texto lido. Leitura colaborativa. Leitura silenciosa, individual; “hora do conto”; “contador(a) de histórias e  encenação de histórias.


          Como transformar a imagem e a rotina da biblioteca ou da sala de leitura em sua escola? Por onde começar? Começar com relato de sua memória de leitura, ou melhor, um memorial de leitura: procure se lembrar  e escrever sobre a sua história de leitura; Quais espaços e objetos foram importantes na sua história de leitura? Quem foram os mediadores importantes na sua história de leitura? Por que eles foram importantes?  Havia uma biblioteca na sua escola ou na sua cidade? Você costumava frequentá-la? Você se lembra de alguma experiência de leitura na biblioteca?

      Paulo Freire e Cecília Meireles - no campo da Pedagogia e da Literatura:

         Paulo Freire, em uma de suas palestras, além de discutir a importância do ato de ler refere-se também ao valor e ao sentido da biblioteca popular. Para Freire, trata-se de um verdadeiro Centro Cultural, onde a memória viva das comunidades deveria ficar registrada.
       Cecília Meireles, além dos belos poemas que nos legou, teve grande interesse pela infância e sua educação. Na década de 1930 inaugurou a primeira biblioteca infantil no Brasil, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Havia seções de livros, enciclopédias, miniaturas, folclore infantil. Tudo que possa interessar aos pequenos leitores.


         A formação do leitor depende muito da relação que o professor estabelece com os livros, de um trabalho integrado com toda a equipe escolar, com objetivos claros. Reuniões pedagógicas e outros momentos oportunos que aproximam, com muita sensibilidade e intimidade dos livros, fazem os livros saírem das estantes, caixas e armários para as mãos dos leitores.
        Atividades precisam ser muito bem planejadas e variadas para que a biblioteca se torne um lugar atraente e significativo para as crianças. O uso de diferentes recursos possibilita diferentes experiências e visões de mundo.
          É preciso ter clareza de que ouvir e ler uma história, por exemplo, é diferente de assistir a uma história em vídeo, ainda que seja sobre o mesmo assunto. Cada recurso desenvolve habilidades diferentes no processo do letramento e, portanto, um não pode substituir o outro.
          O primeiro contato com o livro é fundamental para a formação do futuro leitor. É importante dispor os livros de maneira que o leitor das séries iniciais possa escolhê-los pelas capas e títulos. Use e abuse dos diversos recursos: varal de poemas, mural com a reprodução de capas de livros, fantoches, cestos com diversos trajes e objetos para dramatizações, tapetes, almofadas, gravadores, etc. É bom que as bibliotecas estejam sempre de portas abertas, prontas para acolher os leitores.
          Na sala de aula a “hora do conto”, pode ser feito um momento da aula, para ler com a classe, um conto, uma crônica, um poema, um livro inteiro com pouco texto e muitas ilustrações. É interessante exercitar com os alunos a leitura de obras extensas. Escolha de trechos interessantes para ler para os alunos, despertando seu interesse para conhecer o resto da história. Ou ainda, ler a cada dia um pedaço da história, fazendo suspense para o capítulo do dia seguinte. A escolha do momento da leitura é um detalhe importante: é bom que a turma esteja “em forma” e não cansada ou com fome. Pode, por exemplo, pedir aos alunos (crianças) que se sentem no chão, à vontade, depois começar a contar a história.

           Situações de Aprendizagem: Leitura e Escrita -  Sugestões  para se trabalhar com vários textos: adivinhas, cantigas de roda, parlendas, quadrinhas e trava-línguas. É necessário que, ao trabalhar cada um deles, você construa uma sequência de atividades que considere pertinentes para ensinar os seus alunos.

1. Leitura feita pelo professor - É importante que o professor faça a leitura de vários textos do mesmo gênero, de modo que os alunos possam se apropriar de um amplo repertório do texto em questão. Essa atividade pode ser diária (na hora da chegada, na volta do recreio) ou semanal.
2. Leitura compartilhada (professor e alunos) de textos desconhecidos - Em alguns momentos da rotina da sala de aula, o professor pode ler junto com os alunos alguns textos (adivinhas, cantigas de roda, parlendas, quadrinhas e trava-línguas) que os alunos conheçam bastante para que possam interferir e antecipar significados durante a leitura. Os textos que serão lidos podem estar afixados na sala de aula, em forma de cartaz, escritos na lousa ou impressos no livro do aluno.

3. Leitura coletiva - Ler, cantar, recitar e brincar com textos conhecidos - É fundamental que os alunos possam vivenciar na escola situações em que a leitura esteja vinculada diretamente à descontração e ao prazer.

4. Leitura dirigida - propor atividade de leitura em que os alunos tenham de localizar palavras em um texto conhecido. Por exemplo, o professor lê o texto inteiro e depois pede aos alunos que localizem uma determinada palavra (ex: “piano”, na parlenda: “Lá em cima do piano...”). A intenção é  que possam utilizar seus conhecimentos sobre a escrita para localizar e ler as palavras selecionadas.

5. Leitura individual - Quando os alunos conhecem bastante os textos, já podem lê-los sozinho, individualmente. É importante que tenham objetivos com a leitura. Por exemplo: ler para escolher a parte que mais gostou, ler para depois recitar em vos alta para todos.

6. Pesquisa de outros textos - Os alunos podem pesquisar outros textos do mesmo gênero, na família e na comunidade. Por exemplo, entrevistar família e amigos a respeito de adivinhas, cantigas de roda, parlendas, quadrinhas e trava-línguas que conhecem; ou procurar em livros didáticos.

7. Roda de conversa ou de leitura - A roda de conversa permite identificar o repertório dos alunos a respeito do texto que está sendo trabalhado e também suas preferências. A roda de leitura permite compartilhar momentos de prazer e diversão com a leitura. No caso dos trava-línguas é interessante propor um concurso para quem falar sem tropeçar nas palavras.

8. Escrita individual -  É importante criar momentos de rotina na sala de aula em que os alunos possam escrever sozinhos. Por exemplo, pedir que os alunos escrevam uma parlenda que conheçam de memória, ou a cantiga de roda preferida.  Vale ressaltar que nessa situação, quando propomos a escrita de textos da memória dos alunos é fundamental aceitar as suas hipóteses e não interferir diretamente nas produções deles: não se deve corrigir, escrever embaixo ou coisa do tipo.

9. Escrita coletiva - O professor escreve na lousa ou em cartaz o texto que os alunos ditam para ele. Nesse caso, os alunos devem conhecer bem os textos que ditam. É importante que o professor discuta com os alunos a forma de escrever as palavras, isto favorece a aprendizagem de novos conhecimentos sobre a língua escrita. Fazer comparações entre as palavras que começam ou terminam da mesma forma (letras, sílabas ou parte das palavras).

                
                             O dicionário – um forte aliado da leitura.

         O dicionário é um dos livros que compõem nossas bibliotecas, e se destaca por ser livro de consulta e não livros que costumamos ler do início ao fim. Assim como os dicionários, temos as enciclopédias, os guias de viagens, as listas telefônicas, as páginas amarelas, os livros de culinária, etc. são livros de consulta.
       O dicionário é um tipo de livro muito especial, porque nele está registrada uma grande quantidade de palavras da língua, palavras que usamos e que já não usamos mais, palavras que são usadas em algumas regiões do país e não em outras, palavras muito usuais e palavras muito raras.

         Cecília Meireles, escritora carioca, adorava dicionários:

         O Livro da Solidão

"Que livro escolheria para levar consigo, se tivesse de partir para uma ilha deserta...?“

(...) se Deus me concedesse a mercê de morar numa ilha deserta (deserta, mas com relativo conforto, está claro — poltronas, chá, luz elétrica, ar condicionado) o que levava comigo era um Dicionário. Dicionário de qualquer língua, até com algumas folhas soltas; mas um Dicionário.(...).
         Significado das palavras
         Em Mania de Explicação, um livro de Adriana Falcão, uma menina explica (de maneira bastante pessoal) o significado de várias palavras de uso cotidiano. Segundo ela:
Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora”;
raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes”;
e “beijo é um carimbo que serve pra mostrar que a gente gosta daquilo”

          O uso do dicionário NA ESCOLA  - E na sala de aula? Como podemos utilizar o dicionário?  Como consultar o dicionário?

          Assim como utilizamos o dicionário no nosso dia-a-dia, é interessante que a criança aprenda, na escola, a usar o dicionário  e o use sempre para: procurar o significado de palavras que ela não conhece; se certificar de que o significado de certa palavra é aquele que ela imaginava; verificar como se escreve uma palavra conhecida; conhecer novas palavras; e até mesmo fazer algum jogo lúdico e poético com as palavras.
          A procura das palavras no dicionário enriquece a leitura. Nem sempre lemos com o dicionário nas mãos, mesmo que não conheçamos o significado de várias palavras. Isso porque, como falantes da língua, temos a capacidade de inferir o significado de várias palavras a partir do contexto e do conhecimento que temos do assunto do texto. Quanto mais conhecemos o assunto, de que trata o texto, mais inferências poderemos fazer e, menos vezes precisaremos recorrer ao dicionário.

Como consultar o dicionário? - Além de apresentar o significado das palavras e solucionar dúvidas quanto à escrita delas, o dicionário fornece ainda outras informações importantes. Observe o verbete a seguir:
dicionário  sm (lat  dictione) Coleção  de  vocábulos de  uma  língua,  de  uma ciência  ou arte, dispostos em ordem alfabética, com o seu significado ou equivalente na mesma ou em outra língua. Sin:léxico, vocabulário, glossário.D.vivo:indivíduo muito erudito ou de grande memória.
          Consultar o dicionário exige o conhecimento de certas convenções. A ordem alfabética; abreviaturas, símbolos e códigos; os verbos são no infinitivo e os adjetivos e substantivos são registrados na forma não flexionada. Nessas observações, há um grande número de informações que ninguém procura memorizar. Tais noções costumam ser assimiladas a partir do seu uso frequente.

       Outras atividades de leitura na sala de aula, com base no dicionário: 

1. Atividade de Análise -> Ordem alfabética e definições - Trazer para a sala de aula mais de um exemplar de dicionários, de preferência, um por grupo. Propor exercícios de observação, por meio dos quais podemos constatar alguns princípios de sua organização: ordem alfabética, verbos no infinitivo, adjetivos não flexionados. Algumas vezes, os dicionários trazem informações sobre a origem da palavra (etimologia) que pode ser explorada. Há também as abreviaturas, por exemplo, s.m. (singular, masculino), Bras. (Brasil), gir.(gíria). É importante o professor mostrar aos seus alunos que muitos dicionários trazem uma lista que explica as abreviações utilizadas. Uma sugestão é que haja atividades variadas para esses exercícios de observação, como destacar um determinado verbete e refletir sobre as diversas informações presentes: etimologia, abreviaturas, dentre outras.

2. Atividade de Produção de um dicionário da classe -  Depois de observar a apresentação dos textos nos dicionários, propor à turma  a criação de um dicionário da turma, com os nomes das crianças, relacionando-os em ordem alfabética. Propor ainda à turma descrições de natureza física e afetiva sobre os colegas para compor as definições, por exemplo, incorporando etimologia, abreviações e outros conceitos.

3. Atividade de Ordem Alfabética dos nomes - Cada aluno escreve em um papel o nome de outro aluno da classe, aquele que vem depois do seu na lista de chamada, sendo que o último da chamada escreverá o nome do primeiro da lista. O professor embaralha todos os papéis com os nomes e solicita que os alunos coloquem os nomes em ordem alfabética colando-os numa cartolina para serem visualizados por todos. Pode trabalhar com nomes inteiros, tanto quanto com o primeiro ou o último nome e assim, repetir o jogo algumas vezes.

4. Jogo de adivinhação - Cada grupo consulta o dicionário e escolhe uma palavra de uso pouco frequente. Em seguida, registra no caderno uma definição extraída do dicionário e uma outra inventada pelo grupo. Então o grupo lê as duas definições para o outro grupo, que deve dizer qual a definição real e qual a inventada. Os jogos podem tornar as aulas alegres e descontraídas.

5. Caça-Palavras -O professor distribui diversos textos para os alunos em grupos e solicita que eles circulem todas as palavras difíceis. Em seguida, cada grupo vai anotar os vários significados propostos para cada uma das palavras circuladas. Depois os grupos voltam aos textos para discutir qual o significado que se aproxima do contexto em que a palavra foi utilizada.

6. Stop modificado - O aluno divide uma folha de papel em branco, em colunas verticais com os seguintes palavras no topo de cada coluna: FLORES|CORES|FRUTAS|MENINAS|MENINOS|CIDADES|CARROS|, etc. Essa atividade pode também ser feita coletivamente no quadro da sala, desde o início ou no final para visualizar o resultado geral. O professor sorteia uma letra do alfabeto e dá um tempo de cinco minutos para cada aluno pensar e escrever, por exemplo, a letra A: Amor-perfeito (flor); Amarelo (cor); Abacate (fruta);Alice (menina);Ari (menino); Alagoinhas (cidade) e Alfa-Romeu (carro). Quem não conseguir encontrar algum nome, deixa em branco. No final da atividade cada um soma a sua pontuação: zero (0) para o local em branco; cinco (5 pontos) para nomes repetidos; e dez (10 pontos) para os nomes que não se repetiram. Depois de tudo finalizado, os alunos podem juntar todas as folhas individuais e, juntos organizarem todos os nomes em ordem alfabética num grande mural.
Conclusão: Ao longo deste fascículo tratamos especialmente das seguintes questões: a importância da biblioteca escolar ou sala de leitura bem organizada e com acervo de qualidade para a formação do leitor; a leitura como uma prática social e cultural a ser resgatada pela escola; a mediação do(a) professor(a) na formação do leitor experiente e o dicionário como grande aliado para as atividades de leitura na sala de aula e na vida em sociedade. Esperamos  ter sido claras em nossas explicações e que tenham compreendido o que queríamos passar para vocês.


REFERÊNCIAS

BRASIL. Pró-Letramento : Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental : alfabetização e linguagem . – ed. rev. e ampl. incluindo SAEB/Prova Brasil matriz de referência/ Secretaria de Educação Básica – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. 364 p.
 Organização e uso da biblioteca escolar e das salas de leitura.

FALCÃO, Adriana. Mania de Explicação. [ilustrações: Mariana Massarani] São Paulo: Salamandra, 2001.

LISPECTOR, Clarice. “Felicidade Clandestina” in O primeiro beijo e outros contos. Antologia. 9ª ed. São Paulo: Ática, 1994. p.54-55  

MEIRELES, Cecília. Obra em Prosa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1998.

MICHAELIS.Moderno dicionário de língua portuguesa.São Paulo.Melhoramentos,1998.

RIBEIRO, João Ubaldo. Um brasileiro em Berlim. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1995. p. 137.

SOUZA,Cássia Garcia de. E CAVÉQUIA,Márcia Paganini.Linguagem:criação e integração.7ªsérie.Ed.Saraiva.São Paulo,1999, 208p.