quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

RTM DO ENSINO DE HISTÓRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL - Texos e Atividades



REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA HISTÓRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL  60h

Ementa: O ensino da História no contexto das transições paradigmáticas da História e da educação. A didática no ensino de História: a organização dos conteúdos e metodologias de trabalho em classes de anos iniciais do Ensino Fundamental. O saber histórico na sala de aula: análise das propostas curriculares para o ensino de História. Processo de avaliação e de planejamento do ensino de História: concepção e representação de sequências didática
 

Avaliações da disciplina

1ª Unidade - Preparação de um Blog sobre: a Rua da Minha Infância.
2ª Unidade - Construção escrita: contexto histórico para o Blog.
3ª Unidade - Apresentação do Blog. 
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Para avaliar a turma nas três unidades do semestre, o professor Alfredo Mata deu o comando para a elaboração de um Blog sobre a origem dos nossos avós vivos ou a rua da nossa infância. A minha escolha foi sobre a rua da minha infância porque me deixou muita saudade e foi muito interessante escrever sobre ela e visitá-la, para aprofundar mais nas minhas lembranças.

O QUE PESQUISAR?

  • A chegada dos portugueses - As Grandes Navegações;
  • A Carreira da Índia;
  • O Sistema de Capitanias Hereditárias;
  • A Formação do Estado da Bahia;
  • O Sistema de Governo-Geral;
  • Holandeses na Bahia;
  • A Construção da Cidade de Salvador;
  • Ladeiras que ligam as duas cidades Alta e Baixa;
  • O Bairro da Liberdade;
  • A Estrada das Boiadas.  
A  RUA DA MINHA  INFÂNCIA


Para dar início  às recordações da rua da minha infância, eu não poderia deixar de falar antes da minha cidade do Salvador. Minha cidade sim, sem muita pretensão, mas tenho muito orgulho de ser soteropolitana, afinal de contas, foi nela que eu nasci e vivo atualmente.

 
 
                               Mapa da Cidade de Salvador


Salvador foi  a primeira cidade fundada nas terras brasileiras. Antes só existiam vilas que foram criadas nas capitanias ao longo da costa. Mas é certo que nenhuma delas foi  classificada como  cidade. Salvador, capital do Estado da Bahia, localiza-se no litoral Oriental do Brasil.
                   

Ao desembarcar na Baía de Todos os Santos, para fundar a cidade de Salvador, em 1549, o primeiro Governador-Geral Tomé de Souza escolheu um local favorável para construir uma fortaleza que pudesse abrigar a administração colonial e sustentar a posse portuguesa das terras brasileiras.(SILVA,2005,p.21).

 No início do século XVI, o  comércio português Europa  e  Ásia  se baseava em mercadorias valiosas de pouco volume, as especiarias, provenientes das Índias como cravo, canela, gengibre, pimenta-do-reino. Na segunda metade do século XVII, os portugueses começaram a parar as naus da Carreira da Índia¹ em Salvador, no Brasil.  Na verdade, essa parada em Salvador, foi para renovar o estoque de água potável e consertar algumas embarcações e encontrou Diogo Álvares Correia, náufrago português, há muito hospedado pelos tupinambás.


As embarcações da Carreira da Índia, rota marítima de Lisboa-Goa-Lisboa estavam impedidas, por vários decretos da Coroa, de fazer escala em Salvador, então o mais prestigiado dos portos de Portugal além-mar, para que os impostos sobre as mercadorias fossem recolhidos em Lisboa. Entre 1550 e 1664, a escala no Brasil estava permitida apenas em casos de avarias.² A partir de então, tais escalas passaram a ser desejadas pela Coroa, tanto na ida quanto na volta. Em 90% dos casos, o desembarque se dava em Salvador (GODINHO, 1990,p.333-374).

A região onde se localiza Salvador era habitada pelos tupinambás, quando, em 1503, Gonçalo Coelho, com sua expedição exploratória, comercializou com os índios o pau-brasil e instalou  o padrão de posse português no local do atual Farol da Barra, na entrada da baía. 

Nas imediações do Farol da Barra, Francisco Pereira Coutinho, donatário da capitania  da Baía de Todos os Santos, mandou construir casas para os moradores, possibilitando o crescimento da vila do Pereira.Assim,surgiu o primeiro povoado com a integração de europeus.O local passou a ser conhecido como a Ponta do Padrão, na entrada da Baía de Todos os Santos.

OS HOLANDESES NA CIDADE DO SALVADOR

Os holandeses tentaram invadir a Bahia por duas vezes. A Espanha, percebendo as intenções da Holanda, ordenou ao governador que fortificasse Salvador, mas não enviou recursos suficientes para isso. Em 1624, os holandeses bombardearam Salvador e a população fugiu apavorada. Os holandeses tomaram a cidade e aprisionaram o governador Diogo Mendonça Furtado. Enquanto os invasores se fixavam na cidade, os habitantes do interior, passaram a organizar guerrilhas tentando expulsá-los. Era estratégia para desgastar o inimigo.

Os invasores penetraram na Baía de Todos os Santos, bombardearam o centro da cidade do Salvador. A cidade lutou como pode. Os fortes, os soldados, até os índios, a defenderam. A população fugiu desesperada abandonando as armas que o Governador havia lhes dado. O Governador Geral, Diogo de Mendonça Furtado, rendeu-se.(TAVARES, 1979p.82-83)
Em 1625, a cidade se organizava para derrotar os holandeses. Felipe III enviou para o Brasil uma das mais fortes armadas composta por 52 navios de guerra, 1185 canhões e 12000 soldados.
A armada era comandada pelo almirante espanhol Fradique de Toledo. Fradique e Francisco cercaram Salvador e ainda receberam reforços de Pernambuco - comandados por Mathias de Albuquerque -, e do Rio de Janeiro, por Martim Correia de Sá. A Bahia fazia parte de uma trama bélica entre as forças europeias, envolvendo a Espanha e a Holanda, que lutavam pelos domínios do Atlântico, mas também envolvia todo o Brasil, no esforço de expulsar o invasor. Os holandeses se renderam em 1º maio, quase um ano após a invasão (TAVARES,1979,p.83).

 ECONOMIA DA METRÓPOLE COLONIAL


A primeira atividade econômica na colônia foi a extração do pau-brasil. A extração era efetuada pelos indígenas e em troca do trabalho, os europeus davam produtos de baixa qualidade.³ 

Fundada, por ordem expressa no Regimento 4 do rei de Portugal, Salvador foi escolhida para ser a sede do governo-geral na colônia. Em 1763, a sede do Governo da Colônia foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, em função da centralização das exportações de ouro pelo seu porto.  

A atividade econômica que efetivou a colonização brasileira foi o cultivo da cana-de-açúcar. No que se refere à economia, houve desenvolvimento da economia açucareira, baseada na mão-de-obra escrava africana, e a introdução das primeiras cabeças de gado.

Tomé de Souza desembarcou na atual praia do Porto da Barra, logo subiu  a atual ladeira da Barra e seguiu em busca de um local seguro para construir a primeira cidade. Ele encontrou na área que fica entre a rua da Misericórdia e a Praça Castro Alves, o local ideal para construir a primeira cidade, pois, além de possuir bons ares, água abundante e um porto com ancoradouro seguro na Baía de Todos os Santos, essa área favorecia uma visão ampla, a longa distância.

Por outro lado, qualquer invasor que pretendesse alcançar essa área por terra teria que atravessar o rio das Tripas e subir altas ladeiras, podendo dessa forma ser expulso pelos defensores da cidade.  

Com a finalidade de controlar a entrada e saída das pessoas neste cerco inicialmente estabelecido, foram instaladas duas portas: a de Santa Luzia, ao sul, onde atualmente está o Palácio dos Esportes, na Praça Castro Alves, e a de Santa Catarina, ao norte, no começo da rua da Misericórdia.

As portas de Santa Luzia foram edificadas próximas ao Teatro Gregório de Matos enquanto o de Santa Catarina se localizava no Largo do pelourinho. 

Os jesuítas chegaram junto com Tomé de Souza, Governador Geral do Brasil, deram inicio à construção da igreja de Nossa Senhora D’Ajuda, também de madeira e palha, mas já com a imagem da santa trazida pelo próprio governador em sua bagagem.  

Em 1549, Salvador já possuía pelo menos cinco igrejas: Graça, Vitória, Escada, Conceição da Praia e Ajuda. Esta última  em 1552, tornou-se a primeira catedral do Brasil.


                                                   SALVADOR  HOJE

A cidade  de  Salvador foi  fundada sobre uma falha geológica dividindo a cidade que se formou em dois níveis, chamados Cidade Alta e Cidade Baixa. Em consequência, foram surgindo naturalmente os caminhos que, ao longo do tempo, transformaram-se em ladeiras, ligando os dois planos  da cidade. Assim, Salvador ficou  caracterizada por suas subidas e descidas.

 REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR



A cidade hoje, assume um caráter metropolitano, com uma diversificada base industrial e de serviços, sendo o centro da chamada Região Metropolitana de Salvador (Mapa acima). A região abrange também os municípios de São Francisco do Conde, Madre de Deus, Candeias, Simões Filho, Camaçari, Lauro de Freitas, Dias D'Ávila,Itaparica e  Vera Cruz.  

A  cidade do Salvador tem áreas com uma densidade demográfica extremamente alta, como por exemplo, o bairro  da Liberdade, onde, em alguns trechos, ultrapassa a densidade de  40.000 habitantes por quilômetros quadrados (Silva,2004,p.167). 


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1. Carreira da Índia: Nome dado ao sistema de frotas responsável pelas navegações anuais entre Portugal e a Ásia pela Rota do Cabo durante os séculos   XVI, XVII e XVIII. 
2. Avaria:Estrago, dano ou prejuízo. 
3. Comércio denominado de escambo.
4. Documento escrito pelo rei de Portugal que definia as tarefas de Tomé de Sousa, além de indicá-lo como governador-geral, havia recomendações de como colonizar o Brasil e lidar com os índios no papel de evangelizador da colonização.
  
REFERÊNCIAS

GODINHO, Vitorino Magalhães, "Os portugueses e a Carreira da Índia 1497-1810", in Mito e Mercadoria, Utopia e Prática de Navegar. Séculos XVI-XVIII, Lisbon, 1990, pp. 333-374. 

ORDONEZ, Marlene. e QUEVEDO, Júio. História do Brasil.IBEP,São Paulo,1977. 

SILVA,Bárbara-Christine Nentwig Silva [et al].Atlas Escolar Bahia:espaço geo-histórico e cultural.2ªed.João Pessoa:Grafset,2004.

SILVA, Cecília Luz da. A cidade do Salvador nos seus 454 anos. Salvador: EdUNEB,2005.

TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. 7ª ed. São Paulo: Ática, 1981.

 

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

MINHA PEDAGOGIA NO OITAVO SEMESTRE EM 2014.2


OITAVO SEMESTRE  DO CURSO DE PEDAGOGIA - 2014.2

Esse Semestre teve início em 08 de setembro de 2014 com a disciplina de História do professor Alfredo Mata. As disciplinas desse semestre foram quatro distribuídas da seguinte forma: duas pela manhã e duas pela tarde.

Disciplinas do 8º Semestre:

ED0590 - REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA HISTÓRIA NO ENSINO   
                    FUNDAMENTAL 

ED0595 - REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA
                    PORTUGUESA

ED0603 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV

ED0604 - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

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RTM do Ensino de  História no Ensino Fundamental - disciplina ministrada  nas duas últimas aulas  da tarde de Segunda-feira e da Quarta-feira, pelo professor Alfredo Mata e a tirocínio Caroline Duarte.

Estudamos nessa disciplina: :Como fazer um Blog sobre a rua da minha infância.


Atividades avaliativas dessa disciplina:

1ª Unidade - Preparação de um Blog sobre a Rua da Minha Infância.
2ª Unidade - Construção do contexto histórico do Blog.
3ª Unidade - Apresentação em seminário do Blog.

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Estágio Supervisionado IV - disciplina ministrada em toda manhã de Terça-feira, pela professora Lívia Brito e professora Patrícia da Hora.


Estudamos nessa disciplina:


Atividades avaliativas dessa disciplina:

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS - disciplina ministrada nas duas primeiras aulas da manhã de Quarta-feira, pela professora Sheila Batista Maia Santos Reis da Costa.



Estudamos nessa disciplina:


Atividades avaliativas dessa disciplina:


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RTM do Ensino de Língua Portuguesa - disciplina ministrada nas duas primeiras aula da tarde de quarta-feira, pela professora Valquíria C. M. Borba.


Estudamos nessa disciplina:


Atividades avaliativas dessa disciplina:

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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

SEMINÁRIO TEMÁTICO DE EDUCAÇÃO I: EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS :Textos e Atividades

SEMINÁRIO TEMÁTICO DA EDUCAÇÃO II: ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS :Textos e Atividades

SEMINÁRIOS TEMÁTICOS DA EDUCAÇÃO III: PROCESSO DE CRIAÇÃO E EDUCAÇÃO - 7º SEMESTRE



SeminárioS TemáticoS de Educação III:PROCESSO DE CRIAÇÃO E EDUCAÇÃO, 30h

Ementa: Teorias e processos de criação em arte e educação. Elementos propiciadores dos processos de criação individuais e grupais. O percurso pessoal e coletivo de criação. A cultura e a criação. Suas relações com os ambientes de aprendizagem escolar e outros. Formas de integração local e regional às estruturas formais e não formais de arte, ludicidade e de educação.


SeminárioS TemáticoS de Educação III: Processo de Criação E Educação - disciplina ministrada nas duas últimas aulas de Quarta-feira, pelo professor Aldo Trípode;


Estudamos nessa disciplina : Conceito de Arte; Conceito de Estética; Problemas da estética: o processo artístico; A obra de Marat; Frida Kahlo. História da Arte Moderna, e outros textos.


Atividades avaliativas nessa disciplina:

1ª Unidade -    Análise da obra: "A Morte de Marat" de Jacques - Louis David; de Badry; e "Tributo a Marat" de Munch.


2ª Unidade -    Resumo sobre Problemas da estética: o processo artístico;


3ª Unidade -    Processo artístico de Frida Kahlo
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Análise da obra:"A Morte de Marat" de Jacques - Louis David; de Badry; e “Tributo a Marat” de Munch.


Jean-Paul Marat - foi um médico, filósofo, teorista político e cientista mais conhecido como jornalista radical e político da Revolução Francesa. Nasceu em 24 de maio de 1793, Paris-França.

Marat em vida, era um homem radical e impetuoso. Além disso, sofria de uma doença de pele, que deformava as suas feições. Mas no quadro de Jacques-Louis David, Marat é retratado jovem e belo, com uma expressão serena no rosto.
 



"A Morte de Marat" de Jacques - Louis David. (versão Neo-clássica)



O quadro “ A Morte de Marat” representa um acontecimento emblemático da Revolução Francesa: o assassinato de um dos seus chefes políticos.


Jean-Paul Marat, amigo  pessoal de David, tinha uma doença de pele especialmente dolorosa que o obrigava a permanecer dentro de uma banheira durante o dia enquanto trabalhava. Um dia Charlotte Corday entrou no aposento com o pretexto de entregar uma mensagem e o assassinou, encerrando-lhe uma faca no peito.

Para David, este quadro foi concebido como um monumento para um homem que foi simultaneamente herói, mártir e amigo. À força pictórica da obra extremamente realista de David adiciona-se o fato de que o pintor foi amigo de Marat, dado que acrescenta sem dúvida carga emotiva à fruição.

"A Morte de Marat" de Paul Jacques Aime Badry
  


Paul Jacques Aime Badry realizou uma releitura do quadro de Jacque-Louis David, desta vez trazendo Charlotte Corday presente na cena. As feições de Marat são monstruosas, enquanto é bela e serena. Apenas suas mãos crispadas denunciam o seu nervosismo.



 “Tributo a Marat” de Eduard Munch. (1907)[Olhar expressionista]





Sob o olhar expressionista de Munch, distante de seu tema no tempo e no espaço –, as pinceladas livres e as cores vivas posicionam a figura de Charlotte Corday no primeiro plano da composição. A criminosa se apresenta estranhamente para integrar à cena.  No quadro de Munch, o ambiente, sofre uma brusca deformação da perspectiva. O corpo morto de Marat parece elevar-se, flutuar, sobre o leito que ocupa, enquanto a mulher, em sua postura imóvel, entrega-se, resignada, convicta, uma vez o crime concluído.




 

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OS PROBLEMAS DA ESTÉTICA - Luigi Pareyson
O PROCESSO ARTÍSTICO

 Luigi Pareyson (1918-1991) Filósofo italiano existencialista, Em “Os problemas da Estética” (1966) defende sua teoria da formatividade (1954), como solução a antinomias (dilemas, contradições)clássicas da Teoria da arte (1965).
1. A lei da arte: Qual é a lei da Arte?
• Antigamente, defendia-se a imitação da natureza como princípio da arte;
• Entre a era medieval e a renascença, propunha-se a beleza (harmonia, perfeição interna, unidade) como lei artística.
• O romantismo contrapôs-se à ideia de beleza como lei, criticando os seus modelos tradicionais (em detrimento da intuição e da livre criação);
• Diferença importante entre a representação de objetos belos e a representação bela dos objetos.
Para Pareyson, a beleza não é um parâmetro de criação artística, mas o seu resultado– dizer que uma obra é bela significa reconhecer o seu êxito enquanto arte, e nada mais.

O princípio de que a beleza não é lei mas resultado da arte: não seu objeto ou fim, mas seu efeito e êxito. Não que a obra de arte seja artística porque bela, mas é bela porque é artística: o artista deve preocupar-se não com seguir a beleza, mas com fazer a obra, e se esta lhe sai com êxito, então terá conseguido o belo.

Antinomia:
• A atividade artística é livre criação (invenção, novidade, imprevisibilidade). A arte é arte pela ausência de legislação;
• Mas a arte implica em rigor e avaliação, pois obras de arte podem ser (e muitas são) malsucedidas. Há algo que governa o seu êxito.
Solução dessa antinomia: na arte, a lei geral é a regra individual da obra a ser feita. Implicações:
• Não há lei artística senão a regra individual da obra. Em todas as outras atividades, o êxito é determinado pela conformidade a alguma lei universal, mas o êxito da arte o é somente pela lei interna;  A única lei da arte é o critério do êxito. O belo é exitoso, causa emoção.
• O artista é livre não só para criar a obra, mas também cria a própria regra que a rege. Entretanto, sujeita-se a essa mesma lei – a regra individual torna-se uma lei rígida.
2. A formação da obra: invenção e execução.
 Por séculos, o processo de formação da obra de arte não foi objeto de preocupação filosófica. Isso só começou a mudar quando os próprios artistas começaram a meditar especulativamente sobre o assunto:

- Johann Wolfgang von Goethe (escritor e dramaturgo alemão);
- Edgar Allan Poe (poeta e crítico inglês);
- Gustav Flaubert (escritor francês);
- Paul Valéry (poeta e filósofo francês).

Alguns consideram que a obra de arte nasce antes da sua materialização. Como por exemplo:

• Para Benedetto Croce, o processo artístico seria uma cópia de uma invenção interna (concepção), anterior e distinta enquanto processo. Em primeiro lugar, há a ideação de uma imagem interior, já acabada e formada, e depois a realização dessa figura numa matéria física.

Essa tese minimiza a importância da execução – já que a concepção completaria a forma, restando à realização a tarefa de simplesmente reproduzi-la.

Outros consideram que a obra de arte só nasce como resultado da atividade de realização.

 • O ensaísta francês Alain (Émile-Auguste Chartier) afirma que o processo artístico é essencialmente realização: a invenção e a concepção são absorvidas na própria realização; a imagem é encontrada somente na conclusão da execução e na verdade, só existe quando a execução é ultimada..

Essa concepção não explica como uma realização ao acaso poderia ser inventiva, bem-sucedida e coerente.

Essas duas concepções são opostas: para a primeira, o artista é primeiro inventor, e depois copiador da própria obra, porque ela precede a sua execução, enquanto, para a segunda, mais que inventor da sua obra o artista é seu espectador, porque ela nasce quando ele já terminou o seu trabalho; para a primeira, a execução é um caminho seguro, já traçado, que consiste no reproduzir externamente uma imagem interior, e para a segunda, uma aventura que não se sabe como irá terminar, e na qual para aquilo que está por fazer o único guia é aquilo que já está feito.

3. Criação e descoberta : tentativa e organização. O processo artístico é uma criação ou uma descoberta?

. Há os que, romanticamente, afirmam que a obra é resultado de uma criação absoluta do artista. De fato, o artista é o único autor da sua obra.

Por outro lado, há os que sustentam que no fundo, a obra já existe, e o artista não tem outra coisa a fazer senão procurar descobrí-la : ela é uma realidade escondida, que o artista tem o privilégio de saber encontrar e desvelar.

Pareyson considera o processo artístico como uma síntese da atividade criadora e do desenvolvimento orgânico.

 Do ponto de vista do artista, com a obra em construção, tudo depende dele. Do ponto de vista da obra acabada, o processo artístico é um “desenvolvimento orgânico”, um processo unívoco que vai da concepção inicial ao seu acabamento.  A inevitabilidade dessa trajetória só se percebe a posteriori; o artista a desconhece no processo de produção, mas a reconhece quando termina e relembra. Assim, o processo artístico é uma dialética entre a livre iniciativa do artista e a teleologia interna do êxito – o artista é considerado um verdadeiro criador por produzir uma forma tão independente que se impõe a ele mesmo.

4. Inspiração e trabalho. O processo artístico é inspiração (êxtase, furor) ou trabalho (fadiga, esforço)?

Na mentalidade romântica, é o decurso da criatividade absoluta, irrestrita. Opõe-se a ela a concepção da produção como tarefa rigorosa e calculada, que requer dedicação e aprendizado.

Pareyson considera que esses extremos não são leis universais, mas modi operandi diferentes – uma poética da arte espontânea (acusada de desordem), outra da arte polida (acusada de frieza). Entretanto, ambos aspectos são necessários em alguma medida – o “germe” da obra vem da inspiração e a trajetória individual das escolhas do artista implica em rigor.

5. Relações entre o processo artístico e a obra de arte . A avaliação da arte deve levar em conta o processo artístico, ou ater-se somente à própria obra acabada?

Segundo Valéry e Poe, ao apreciador só importaria a obra acabada, definitiva - o processo artístico seria uma simples etapa de preparação da obra.

O problema é que a perfeição da obra é a conclusão, a maturação de um movimento, uma “perfeição dinâmica”, um perfazer. Outros consideram tal atividade essencial à avaliação artística, como os críticos “variantistas” (que comparam diferentes versões da mesma obra) – o valor da obra deve levar em conta sua gênese.

Esse ponto de vista confundiria o processo concluído na obra com a sua trajetória de gênese. Para Pareyson este é um falso dilema, pois o processo artístico encontra-se incrustrado na obra finalizada, são, portanto, inseparáveis.

6. Definitividade ou abertura : O processo artístico encerra-se com a obra ou continua?

Há quem diga que a obra seria fundamentalmente incompleta e solicitaria do leitor uma participação criativa, complementando a obra.

Mas o plano da estética não é o da poética: há uma poética do inacabado, da sugestão, mas isso não se confunde com o limite necessário entre autor e leitor – esse limite é a forma fechada em si, a obra.

Pareyson acredita que só a obra completa pode estimular a interpretação – mesmo se o programa exige uma indeterminação, uma vagueza, essas exigências são partes da forma da obra, que deve perfazê-las, concluí-las.

PAREYSON, Luigi. Os problemas da estética. Trad. Maria Helena Nery Garcez. São Paulo: Martins Fontes 1997

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    PROCESSO ARTÍSTICO DE FRIDA KAHLO



Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon - Uma das personagens mais marcantes da história do México.  Declarada patriota, comunista e revolucionária Frida Kahlo, como ficou conhecida, teve uma vida de superações e sofrimentos refletidos em sua obra que a tornaram uma das maiores pintoras do século.
          Frida Kahlo, nascida em 6 de julho de 1907 em Coyoacan, México, filha do fotógrafo judeu-alemão Guillermo Kahlo e de Matilde Calderon y Gonzales, mestiça, sempre foi apaixonada foi pela cultura de seu país e adorava tudo que remetesse às tradições mexicanas. Fato que ela  demonstrava em sua maneira de se vestir e em seu trabalho ao incluir elementos da cultura popular.
          Em seu diário, publicado em 1995 , traduzido para diversas línguas, e em sua autobiografiapublicada em 1953, Frida deixou registro de suas dores e suas frustrações pela infidelidade do marido, por quem era apaixonada, e pela impossibilidade de ter filhos. Toda sua obra, composta na sua maioria, por autorretratos, reflete essa condição.
          Sua primeira tragédia aconteceu quando ela tinha seis anos, uma poliomielite a deixou de cama por vários dias. Como sequela, Frida ficou com um dos pés atrofiado e uma perna mais fina que a outra.  Porém, o fato trágico que mudou sua vida, aconteceu quando ela tinha dezoito anos.
          Nesse tempo, Frida  estudava medicina na primeira turma feminina da escola Preparatória Nacional.  No dia 17 de setembro de 1925, na volta para casa, ela e seu noivo Alejandro Goméz Arias, sofreram um grave acidente de ônibus que a deixou a beira da morte. Transpassada por uma barra de ferro pelo abdômen, sofreu múltiplas fraturas, inclusive na coluna vertebral.  Frida levou vários meses para se recuperar. Foram necessárias 35 cirurgias e mesmo depois da recuperação ela teve complicações por causa do acidente pelo resto de sua vida.  Frida relata: “E a sensação nunca mais me deixou, de que meu corpo carrega em si todas as chagas do mundo.”
          Durante sua recuperação, surgiu a pintora Frida Kahlo. Sua mãe a ajudou colocando um espelho sobre sua cama e um cavalete adaptado para que ela pudesse pintar deitada mesmo. E assim,  Frida fez seu primeiro auto-retrato dedicado a Alejandro que a havia abandonado: “Auto-retrato com vestido de Terciopelo”. Obstinada  em pintar auto-retratos, pintou  55 ao todo, que representam um terço de toda sua obra, que ela justificava dizendo: “Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.
Dois anos depois do acidente Frida leva três de seus quadros a Diego Rivera, um famoso pintor da época que ela conhecera quando frequentava a Escola Preparatória Nacional em 1922, para que os analisasse. O resultado desse encontro culminou no amor de ambos e na revelação de uma grande artista.
         Em 21 de agosto de 1929 se casaram, Frida com 22 anos e Rivera com 43, dando início a um relacionamento dos mais extravagantes da história da arte. Em 1930 Frida engravidou e sofreu seu primeiro aborto. Ficou muito abalada pela impossibilidade de levar adiante uma gravidez. Sobre essa dor, confessou: “Pintar completou minha vida. Perdi três filhos e uma série de outras coisas que teriam preenchido minha vida pavorosa”.
          No mesmo ano, recuperada sua mobilidade, porém com limitações e tendo que usar frequentemente um colete de gesso, Frida Kahlo acompanha Diego em suas viagens aos EUA revelando seu talento para o resto do mundo e encantando a todos com seu jeito irreverente e único.
          Em 1932, Frida vivenciou mais acontecimentos tristes. Sofreu seu segundo aborto, foi hospitalizada em Detroit (EUA), e sua mãe faleceu de câncer no dia 15 de setembro do mesmo ano. Em 1934, de volta ao México, Frida sofreu mais um novo aborto e ainda teve os dedos do pé direito amputados. Seu relacionamento com Rivera piora e ele a trai com sua irmã mais nova, Cristina. No ano seguinte, se separam e Frida conhece o escultor Isamu Noguchi com quem teve um caso, mas logo, se reconcilia com Rivera e voltam a morar juntos no México.
          Em 1936, Frida passou por novas cirurgias no pé, além das persistentes dores de coluna, teve problemas de úlcera, anorexia e ansiedade. Apesar de tudo, em 1937, Frida conheceu Leon Trotski que se refugiou em sua casa em Coyoacan, junto com a esposa Natalia Sedova. Trotski foi seu mais famoso caso de amor.
          Em 1938, Frida Kahlo conheceu André Breton, escritor, poeta e famoso teórico do surrealismo,que se encantou por sua obra e lhe apresentou Julian Levy, colecionador e dono de uma galeria em Nova York, responsável por organizar a primeira exposição individual de Frida, realizada em 1939.
          A exposição foi um sucesso e Frida logo estava realizando exposições em Paris onde conheceu grandes artistas como Pablo Picasso, Kandinsky, Marcel Duchamp, Paul Eluard e Max Ernst.
          Frida foi a primeira pintora mexicana a ter um de seus quadros expostos no Museu do Louvre, mas foi apenas em 1953, um ano antes de sua morte, que ela conseguiu realizar uma exposição de suas obras na Cidade do México.
          Ainda em 1939 Frida e Diego se separam novamente, desta vez oficialmente, mas voltam a se casar em 8 de dezembro do ano seguinte.
          Em 1941 faleceu seu pai, Guillermo Kahlo. Frida e Diego mudam-se para a “Casa Azul”, hoje um museu em sua homenagem. Em 1942 ela começou a escrever seu famoso diário onde escreveu todas as suas dores e pensamentos em um emaranhado de textos propositadamente sobrepostos, cheios de ilustrações e cores.
          De 1942 a 1950 Frida é eleita membro do Seminário de Cultura do México, passou a dar aulas na escola de arte “La Esmeralda”, mas sua saúde cada vez piorando a obrigou a lecionar em casa mesmo. Com o quadro “Moisés”, Frida ganhou o Prêmio Nacional de Pintura concedido pelo Ministério da Cultura do México. Nesse tempo ela teve necessidade de fazer mais de seis cirurgias e passou a usar um colete de ferro que quase a impedia de respirar permanecendo longos períodos no hospital, chegando a usar uma cadeira de rodas.
          Em agosto de 1953 Frida  teve sua perna amputada na altura do joelho devido a uma gangrena.  Mais uma dor Frida escreve em seu diário:''Amputaram-me a perna há 6 meses, deram-me séculos de tortura e há momentos em que quase perco a razão. Continuo a querer me matar. O Diego é que me impede de o fazer, pois a minha vaidade faz-me pensar que sentiria a minha falta. Ele disse-me isso e eu acreditei. Mas nunca sofri tanto em toda a minha vida. Vou esperar mais um pouco...''.
          Nesse mesmo diário Frida também desenhou uma coluna cercada por espinhos com a legenda: “Pés, para que os quero se tenho asas para voar.” Revelando a ambiguidade de seus sentimentos com relação a todo seu sofrimento.
          A ideia da morte parecia tranquilizar Frida que teve uma vida tão conturbada e constantemente ela se refere a isso em seu diário e em sua autobiografia, porém mais do que nunca, ela tenta se agarrar a vida, pois como ela dizia: “...a tragédia é o mais ridículo que há...” e “...nada vale mais do que a risada...” .
          A sua condição delicada não a impediu de participar, mesmo em uma cadeira de rodas de uma manifestação contra a intervenção norte-americana na Guatemala em 1954. E na noite de 13 de julho daquele mesmo ano Frida Kahlo é encontrada morta em seu leito.
          A versão oficial divulgou que ela teve morte por embolia pulmonar, mas suas últimas palavras em seu diário foram: “Espero a partida com alegria... e espero nunca mais voltar... Frida.”.
          Em 2002 foi lançado o filme "Frida" com a atriz Salma Hayeck no papel da personagem principal e Alfred Molina no papel de Diego Rivera. A direção é de Julie Taymor e o filme recebeu dois Oscar por melhor maquiagem e trilha sonora.

Fontes
http://fkahlo.com/#
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT512470-1661,00.html